"...brilhe a vossa luz diante dos homens,
de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu."
(Mt 5, 16)

São vários os cristão alentejanos,
ou com profunda relação ao Alentejo,

que se deixaram transformar pela Boa Nova de Jesus Cristo
e com as suas vidas iluminaram a vida da Igreja.
Deles queremos fazer memória.
Alguns a Igreja já reconheceu como Santos,
outros estão os processos em curso,

outros ainda não foram iniciados os processos e talvez nunca venham a ser…
Não querendo antecipar-nos nem sobrepor-nos ao juízo da Santa Mãe Igreja,
queremos fazer memória destas vidas luminosas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A vida alimenta-se de uma Mãe:
A IMACULADA.
O coração tem um ninho:
O SACRÁRIO.
O sofrimento tem um algum:

A CRUZ.

frase atribuída a

Santa Beatriz da Silva

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Stª Beatriz da Silva
monja Concepcionista Cisterciense

Confesso que, desde sempre me pareceu
abusivo e muito falho de verdade dizer que, Santa Beatriz fundou uma Ordem impregnada de espírito Franciscano. Alguns chegam mesmo a chamar às suas filhas, Concepcionistas Franciscanas.
Tal nunca me agradou, não por qualquer indelicadeza ou antipatia para com o Seráfico e extraordinário São Francisco, pelo contrário, mas por me parecer que não respeita a verdade e violenta a história.
De facto, a Ordem da Imaculada Conceição, por vicissitudes históricas, que não cabe aqui inumerar, inegavelmente sofreu uma grande influência franciscana. Contudo no que diz respeito a Beatriz, enquanto fundadora, a sua intenção é bem clara, fundar uma nova família monástica, com carisma e espiritualidade completamente novos e autónomos, o da Imaculada Conceição “…caminho de seguimento” (CGOIC, Capítulo I, Título II, §14), “… pela honra da Conceição Imaculada da sua Mãe” (Regra OIC, 1).
Maria, na Sua Imaculada Conceição, as suas virtudes, os seus comportamentos… são o modelo de comportamento das filhas de Beatriz, devem ser identificados na vida das monjas Concepcionistas. Por vontade da Igreja e porque a Igreja lho pede, Beatriz escolhe a Regra de São Bento, professada pela Ordem de Cister, para sustentar esta forma de vida, a da Imaculada Conceição, que lhe foi plantada pelo Espírito Santo no seu coração de fundadora. Teve liberdade plena para escolher outra das Regras existentes, mas não escolheu e pediu a da Ordem de Cister “...desejam professar a Ordem de Cister, pela devoção que lhe têm, que Nos dignássemos, com benignidade apostólica, erigir na mencionada casa um mosteiro de monjas desta Ordem, sob a advocação da Conceição bem-aventurada...” (Bula “Inter Universa” de Inocêncio VIII, 4).
Assim, quando Beatriz professou “in articulis mortis”, professou, ela e as suas primeiras companheiras, a Regra da Ordem de Cister, para dar cumprimento ao seu desejo expresso na Bula de Inocêncio VIII.
Se queremos que Beatriz, para além de Concepcionista respire outro carisma e espiritualidade, esse é o de São Bento, na versão Cistercience e nunca o de São Francisco. Beatriz escolheu e pediu, claramente, a Regra da Ordem de Cister.
Depois da sua morte, foi rudemente imposto às suas filhas, a 19 de Agosto de 1494, pela Bula “Ex Supernae Providentia” de Alexandre VI a Regra de Santa Clara, declarando extinta a Ordem de Cister no Proto-Mosteiro de Toledo, fundado por Santa Beatriz, contra a vontade da própria fundadora, que quis a Ordem de Cister.
Prova do desconforto e desacordo das filhas de Santa Beatriz, a “luta” que a partir daí, e durante 17 anos, travaram para ter Regra própria. O que aconteceu a 17 de Setembro de 1511, com a Bula “Ad statum prosperum” de Júlio II. Mesmo se impregnada de franciscanismo, as filhas de Beatriz finalmente tinham conseguido “salvar” a sua autonomia e de alguma forma a sua identidade, mesmo se à custa de muitas cedências, tendo finalmente Regra própria.
Quanto a Beatriz, se é mais alguma coisa, para além de Concepcionista, é Cisterciense, pois foi sob a Regra de Cister que professou antes de morrer.
P. Marcelino José Moreno Caldeira

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Na Escola de Madre Isabel
"...brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu" (Mt 5, 16). Esta frase de São Mateus, pode ajudar-nos a entender o porquê da santidade na vida da Igreja. Por um lado, glorificar a Deus pelas maravilhas que realiza na vida daqueles que são dóceis e acolhem a Sua Vontade. Por outro lado, apresenta-nos vidas de homens e mulheres, como nós, sujeitos às mesmas dificuldades, tentações, alegrias e tristezas, realizações e fracassos… que acolheram e se deixaram conduzir por Deus e deixaram um rasto de luz. Se aprendermos deles, também em nós Deus poderá realizar coisas grandes, também nós podemos deixar um rasto de luz.
Em Madre Isabel, vejo claramente e duma forma profética, a realização daquele apelo do venerável Papa João Paulo II, no início do Terceiro Milénio: mais do que “falar” de Deus, “mostrar” Deus: “…sem se darem conta, pedem aos crentes de hoje não só que lhes «falem» de Cristo, mas também que de certa forma lh'O façam «ver». E não é porventura a missão da Igreja reflectir a luz de Cristo em cada época da história …?” (João Paulo II, Novo Millennio Ineunte, 16)
Como no tempo de Jesus, a Humanidade de hoje “procura” (cf. Mc 1, 37) e “tem sede” de Deus. E, mesmo que disso não tenha consciência, precisa e quer que os discípulos de Jesus lhe mostrem o Senhor. Como Tomé, só acredita se vir, na vida dos discípulos, as marcas do Ressuscitado. Que ela, a Humanidade O reconheça, com Ele se encontre e pelo Seu Amor se deixe tocar, é um dos apelos mais profundos que brotam no coração de Madre Isabel: “…os pecadores se convertam, os tíbios se afervorem e os justos se santifiquem cada vez mais e Vos amem com todo o ardor do seu coração…” (Madre Isabel).
Madre Isabel não perdeu tempo, teve pressa e deixou ecoar no coração e na vida a palavra do Apóstolo Paulo: “Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação” (2 Cor 6, 2). Lançou-se na “Divina Aventura” de MOSTRAR JESUS, com a vida: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20), a Serva de Deus percebeu que, a sua vida não se podia confundir com a daqueles que colocavam Deus à margem.
Madre Isabel, recebeu de Stª Beatriz uma forma muito concreta de tornar visível aos olhos dos demais, o amor de Deus e de crescer na santidade. Essa forma é MARIA: "Maria apenas tem conhecimento da Vontade do Criador submete-se, não calculando as consequências .... A Vontade do Senhor é a sua. Não pretende saber o que dela resultará, quais as alegrias que daí advirão... O amor tudo simplifica... Tal é o caminho que deve tomar a Irmã Concepcionista ao Serviço dos Pobres, tal é a vocação especial a que Deus a chama: seguir as pisadas de Maria" (Madre Isabel).
Sempre que penso na vida de Beatriz e de Isabel, com frequência me vem à memória uma frase de São Paulo aos Gálatas, mas com uma pequena adaptação: Já não sou eu que vivo, mas é … Maria que vive em mim (cf. Gl 2, 20). Reproduzindo Maria nas suas vidas, Isabel e Beatriz, testemunharam Jesus Cristo de uma forma assombrosa, pois Maria vive em função de Jesus, de O dar e para todos a Ele levar. Assim o viveram e fizeram estas duas extraordinárias alentejanas. Na Escola de Madre Isabel, aprendemos, da Virgem “Cheia de Graça” (cf. Lc 1, 28) a amar a virtude e a detestar o pecado, por mais leve e insignificante que seja. Na Escola de Madre Isabel, aprendemos a verdadeira devoção à Virgem Imaculada, que consiste na firme e inviolável adesão à Senhora vestida de sol, coroada de estrelas e com a lua debaixo dos pés (cf. Ap 12, 1). Aprendemos a conformar a nossa maneira de viver com a da Mãe de Deus, a ser outra “pequena Maria”, a “gerar” Jesus e dá-L’O ao mundo. E isto, acolhendo gozosamente o pedido de Maria em Caná da Galileia, "«Fazei o que Ele vos disser!»” (Jo 2, 5), vivendo «DA» e «NA» Vontade de Deus.
É difícil reter e colher completamente o trabalho da Graça na vida da Serva de Deus. Todavia, há algumas características, que me parecem podem retractar, com mais precisão, a vida desta mulher forte e completamente abrasada pelo amor de Deus. Características com as cores e o perfume de Maria, a Imaculada, a “Totta Pulcra”. O Testamento Espiritual de Madre Isabel pode introduzir-nos suavemente na sua Escola, na sua forma de “DAR” Jesus há Humanidade. Forma essa que, lhe foi plantada no coração pelo Espírito Santo.
P. Marcelino José Moreno Caldeira
In «Seara dos Pobres», nº 58 – Abril/Maio/Junho – ano 2011