"...brilhe a vossa luz diante dos homens,
de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu."
(Mt 5, 16)

São vários os cristão alentejanos,
ou com profunda relação ao Alentejo,

que se deixaram transformar pela Boa Nova de Jesus Cristo
e com as suas vidas iluminaram a vida da Igreja.
Deles queremos fazer memória.
Alguns a Igreja já reconheceu como Santos,
outros estão os processos em curso,

outros ainda não foram iniciados os processos e talvez nunca venham a ser…
Não querendo antecipar-nos nem sobrepor-nos ao juízo da Santa Mãe Igreja,
queremos fazer memória destas vidas luminosas.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Testamento Espiritual
da Serva de Deus
madre Maria Isabel da Santíssima Trindade

É do meu ardente desejo
Que todas as minhas filhas,
Que pertencem à nossa Congregação,
Sejam verdadeiras religiosas
Nos seus pensamentos, palavras e obras.
Encarecidamente vos peço
Que procurem amar a pobreza
E fazer com que em todas as nossas
Comunidades saibam imitar a casinha de Nazaré.
Amando a pobreza,
Sendo cada dia mais simples,
Humildes, obedientes, recolhidas,
Silenciosas, trabalhadeiras
E desprendidas das coisas terrenas.
Tornem-se caritativas,
Umas para com as outras,
Depois para com os pobres e criancinhas,
De uma maneira geral para com todos.
Procurem as Irmãs
Estar sempre na presença de Deus
E amá-Lo cada vez mais.
A característica da nossa Congregação
Deve ser sempre a verdade,
Simplicidade e humildade.
Se desejarem ser santas,
Estimadas, honradas e queridas
Estejam sempre unidas a Deus
E Sua Mãe Santíssima;
Sejam simples e humildes.
O caminho mais directo para o mal
É a vaidade, o orgulho;
Estes defeitos levam-nos à desonra,
Às maiores baixezas;
Chega-se a perder a maior das graças
Que é a vocação religiosa.
O que Nosso Senhor disse cumpre-se sempre:
Quem se humilha será exaltado
Quem se exalta será humilhado.
Deus aborrece os soberbos, os vaidosos,
Tendo uma predilecção especial
Pelos simples e humildes.
Se fordes verdadeiramente humildes,
Como desejo;
A Congregação terá grande desenvolvimento
Excelentes vocações
Será apreciada, respeitada
E desejada para toda a parte,
Até nas outras Nações e Continentes,
Para maior glória de Deus, da Igreja
E até das próprias Irmãs.
Outra virtude
Que encarecidamente vos recomendo
É a gratidão para com aqueles que nos fazem bem;
De uma maneira especialíssima
Para com a Sagrada Família:
Jesus, Maria e José.
A ingratidão é um defeito detestável
É próprio das almas miseráveis.
Nos primeiros anos da nossa Congregação
Parece que tudo se conjurou contra nós:
Críticas, calúnias,
Perseguições insidiosas,
Umas vezes claras, outras ocultas, enfim, uma série
de desgostos e dificuldades,
Só Deus sabe!
Dos grandes obstáculos e de tudo isto
Nos livrou a Sagrada Família
Que, não só agora como sempre ,
Nos tem dispensado especialíssimas graças.
Sejam reconhecidas e muito gratas.
Termino por pedir-vos
Que observeis com fidelidade
As nossas Constituições;
Nelas encontrareis o verdadeiro caminho,
Aquele que vos conduzirá
Ao cume da Santidade
E ao Reino da Eterna Glória.
Peço-lhes também a caridade
De rezarem todos os dias
Pela minha alma e pela alma do Revdo. Padre
Santiago Fernandes
Que tanto nos auxiliou e tanto lhe devemos.
Este é o meu Testamento Espiritual,
Feito na presença da Sagrada Família
E da Santíssima Trindade,
Com toda a efusão da minha alma e amizade
Para com todas as minhas queridas filhas,
A quem levo no coração,
Desejando-vos o maior bem
Espiritual e temporal.
No dia 17 de Novembro de 1960,
Vos deixo como prenda sagrada
A minha última vontade.
Maria Isabel da Santíssima Trindade
Fátima, 17 de Novembro de 1960.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Dia 8 de Dezembro da Imaculada Conceição; Aquela que por especial privilégio foi, desde o primeiro instante da sua existência concebida e livre da culpa original, tornando-se a única bela e pura. Este júbilo, porém, não deve ficar apenas em arroubos de entusiasmo. Seria uma coisa estéril. (...)
Este é o nosso dia. (...)

Numa atmosfera de amor e imitação encontremos uma fonte de energias para dar glória a Deus e honrar dignamente Sua Mãe Santíssima e salvar as almas. Contemplar estes sublimes modelos, copiar seus exemplos, praticar suas virtudes comungar as suas incomparáveis perfeições, sua consumada santidade.
Serva de Deus,
madre Maria Isabel da Santíssima Trindade

(MADRE MARIA ISABEL DA SANTÍSSIMA TRINDADE, "Lembrai-vos sempre", Escritos, Carisma, Espiritualidade, Editorial Franciscana, Montariol, 1995, pgs 73.74)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SÃO NUNO DE SANTA MARIA O.Carm. (*1360 / +1431)
Da Crónica dos Carmelitas da antiga e regular observância,
nos Reinos de Portugal,
escrita pelo Cronista geral da Ordem

Exemplo de vida cristã
Admirável foi este santo varão pelas muitas e especiais virtudes que cultivou, não só depois do divórcio que fez com o mundo, mas também antes de receber o hábito religioso.
Na castidade foi sempre tão firme que jamais em prejuízo desta virtude se lhe conheceu o mais leve defeito.
Forçado da obediência se sujeitou ao casamento, que sem desagrado de seu pai, o não chegaria a evitar. Mas aos vinte e seis anos ficou absoluto do matrimónio, porque a inumana parca pôs termo à vida da sua esposa na flor de seus anos. Entrou El Rei no empenho de lhe dar outra esposa não menos digna de seu nascimento. Resistiu o invicto Condestável, encobrindo sempre o fundamento principal, que era o de viver casto.
Na oração foi tão incessante que admirava aos mesmos que faziam por ser nela seus imitadores. Faltava com o descanso ao corpo para se aproveitar da maior parte da noite orando mental e vocalmente.
Depois de ser religioso, estreitou mais o trato e familiaridade com o Senhor, porque então vivia no retiro conveniente para poder sem estorvo empregar todas as potências da alma no Divino Objecto que contemplava.
Na presença da soberana imagem da Virgem Maria Senhora Nossa, com o título da Assunção, derramava copiosas lágrimas; e com elas, melhor do que com as vozes, Lhe expunha as suas súplicas nas ocasiões que para si ou para os seus patrocinados Lhe pedia favores.
Exemplaríssima foi a humildade com que, fora e dentro da Religião, serviu a Deus em toda a vida. Como árvore frutífera cujos ramos mais se inclinam quando é maior o peso dos seus frutos, assim este virtuoso varão mais submisso se mostrava com os triunfos e com as virtudes. Nunca no seu espírito teve lugar a soberba: antes, quanto lhe foi possível, trabalhou por desterrá la dos ânimos dos que lhe seguiam as ordens e o exemplo.
Aos sacerdotes fazia tão profunda veneração que passava a ser obediência. A um criado seu de muita distinção, que havia tomado o hábito da nossa Ordem, assim que o viu professo e feito sacerdote, começou a respeitá lo em tal forma que a todos causava admiração.
Com o hábito religioso adquiriu o irmão Nuno muitos hábitos de mortificação. O sangue que lhe corria do corpo, quando com ásperos flagelos o lastimava, também lhe diminuia os alentos: mas ainda desta fraqueza tirava forças para, com pasmosa admiração dos Companheiros, continuar em semelhantes exercícios até ao último prejuízo da vida, que em desempenho do ardentíssimo desejo que teve de a sacrificar a Deus, sempre reconheceu como trabalho, e estimou a morte como lucro.
Depois de religioso, foi o servo de Deus mais admirável nos exercícios da caridade. Não se contentava com distribuir as esmolas pelo seu pagador, como no século fazia; mas pelas próprias mãos, na portaria deste convento, remediava a cada um a sua necessidade.
Não menos caritativo era para com o seu próximo nas ocasiões que se lhe ofereciam de lhe acudir nas enfermidades. Assistia aos pobres nas doenças, não só com os alimentos necessários, mas com os regalos administrados por suas próprias mãos.
Velava noites inteiras por não faltar com a assistência aos que nas doenças perigavam.
Continuando o Venerável Nuno de Santa Maria as asperezas da vida, sem nunca afrouxar dos seus primeiros fervores, chegou ao ano de 1431 tão destituído de forças, que no corpo apenas conservava alguns alentos para poder mover se.
Entrando enfim na última agonia, rogou que, para consolação do seu espírito, lhe lessem a Paixão de Cristo escrita pelo evangelista São João; logo que chegou à cláusula do Evangelho onde o mesmo Cristo, falando com sua Mãe Santíssima a respeito do amado discípulo, lhe diz: Eis o vosso filho, deu ele o último suspiro e entregou sua ditosa alma ao mesmo Senhor que a criara.
(Tom I, cap. XV-XVIII: Lisboa 1745, pp. 422-425. 429-431. 438. 440-441. 454. 459).

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

monsenhor
João Luís de Carvalho
presbítero da Arquidiocese de Évora
Datas importantes da sua vida
1.Junho.1909 - Nascimento em Figueiredo (Sertã)
?.Setembro.1925 - Chegada à arquidiocese de Évora. Entrada no Seminário Menor de São José de Vila Viçosa.
19.Novembro.1929 - Partida para Roma a fim de frequentar a Pontifícia Universidade Gregoriana, doutorando-se em Filosofia e licenciando-se em Teologia.
28.Outubro.1934 - Ordenação de presbítero, na Capela do Colégio Inglês, em Roma.
29.Outubro.1934 - Celebração da sua Missa Nova, na Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma.
12.Setembro.1935 - É nomeado Prefeito e Professor do Seminário Maior de Nossa Senhora da Purificação de Évora.
2.Abril.1937 - Nomeado cónego da Sé Metropolitana de Évora.
3.Abril.1937 - Nomeado Vice-reitor de Seminário Maior de Nossa Senhora da Purificação de Évora.
24.Outubro.1938 - Nomeado Pároco da freguesia da Sé e comunidades rurais periféricas. Assistente dos Organismos da Acção Católica e da Junta Diocesana.
?.?.1948 - Funda a Casa de Santa Zita, em Évora. A doença agrava-se.
21.Outubro.1951 - Despede-se dos seus paroquianos da freguesia da Sé.
28.Outubro.1951 - Dá entrada como pároco na freguesia de São Mamede e recebe o título de Prelado Doméstico de Sua Santidade - Monsenhor - como prenda do seu 17º aniversário de ordenação sacerdotal.
?.Fevereiro.1954 -Funcionamento da Obra de São José na casa da Rua das Fontes, nº 3. Começa a sofrer de diabetes.
22.Setembro.1957 - Funda a Obra de São José Operário a qual entra em funcionamento na Rua de São Mamede, nº 20, em Évora. Elabora os primeiros Estatutos da Obra.
19.Março.1958 - Aprovação dos primeiros Estatutos da Obra de São José. Funda o Cenáculo das Cooperadoras Apostólicas e elabora os primeiros Estatutos.
21.Maio.1961 - Aprovação dos primeiros Estatutos do Cenáculo e erecção canónica como Pia União.
1.Maio.1967 - Operação à próstata, no Hospital de Jesus, em Lisboa. Sofrimento intenso.
1978/1979 - Orienta as obras de restauro a ampliação da zona infantil e da Terceira Idade, na Rua das Fontes em Évora.
1.Maio.1980 - Anima a inauguração da zona infantil da Casa.
?.?1982 - Despede-se dos paroquianos de São Mamede, devido ao agravamento do seu estado de saúde.
8.Dezembro.1984 - Sobrevem-lhe um bloqueio cardíaco. às portas da morte...
1982-1986 - Paroqueou temporáriamente a freguesia de Nossa Senhora de Machede onde viria a fundar uma Casa da Obra de São José Operário.
12.Maio.1990 - Presente na inauguração do Centro de Montoito.
16.Março.1991 - Benção da casa de São José, em Nossa Senhora de Machede, por D. Maurílio de Gouveia. O monsenhor esteve presente.
27.Junho.1991 - Submeteu-se a um TAC. Começou da sua última via dolorosa...
16.Novembro.1991 - Adormeceu serenamente, no Senhor.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Fazei-me um santo sacerdote
e dignai-vos impetrar-me
de Nosso Senhor muitas luzes
para conhecer a sua vontade,
e muita coragem
e generosidade
para a pôr em prática.

Servo de Deus
D. Manuel Mendes da Conceição Santos
de carta escrita a São Luís de Gonzaga
com data de 21 de Junho de 1899

terça-feira, 27 de outubro de 2009

São Vicente,
Santa Sabina
e Santa Cristeta,
mártires

padroeiros principais da cidade Évora
Festa: 27 de Outubro
(cidade de Évora - Solenidade;
no resto da arquidiocese - MO)

Por volta do ano 303, quando Diocleciano era imperador de Roma (284-305), os irmãos: Vicente, Sabina e Cristela foram torturados cruelmente. Tiveram os membros desconjuntados e as cabeças esmagadas. Pelo que podemos conferir nos anais de seu martírio, São Vicente foi feito prisioneiro antes das suas irmãs Sabina e Cristela, tendo sido levado à presença do magistrado romano Daciano, que o estabeleceu com o jovem cristão o seguinte diálogo: “... Perdoo à tua juventude essas liberdades, pois sei que não chegaste ainda à idade de uma prudência completa, pelo que devo aconselhar-te a me que ouças como a um pai, como tal ordeno-te que sacrifiques aos deuses imperiais”.
O jovem Vicente assim respondeu: “Careceria de sólido juízo, se, desprezando o verdadeiro Deus que criou o céu e a terra, penetrou os abismos e circundou os mares, prestasse culto aos falsos deuses de madeira e de pedra, representados em estátuas vãs”. Devido à resistência do jovem cristão, foram-lhe dados três dias para pensar, queimar insenso aos deuses do império e negar a sua fé cristã. Certo de que estava no caminho da verdade não podia negar a sua fé em Jesus Cristo, tentou fugir com suas irmãs Sabina e Cristeta, foram capturados pelos soldados romanos, tendo sido submetido a atrizes torturas e por fim ao martírio.
Segundo uma das várias tradições, estes três jovens e corajosos cristãos, são alentejanos e naturais da cidade de Évora.
Outras localidades (em Ávila - Espanha) reclamam ser o berço destes jovens mártires alentejanos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Novena aos 40 Mártires do Brasil

Gloriosos Mártires

que, abrasados de amor das almas,

deixastes a família e a pátria

e vos entregastes ao Senhor,

para trabalhar

nas terras longínquas do Brasil:

atraí muitos jovens

à vida missionária,

com a vossa intercessão e exemplo,

que se entreguem generosamente ao serviço dos irmãos

e os conduzam às alegrias eternas.

Vós, a quem o Senhor tanto amou,

que, ainda antes de chegardes às vossas missões,

vos premiou as virtudes e o zelo com a palma do martírio,

alcançai-nos as graças que vos pedimos,

se forem para a maior glória de Deus

e para bem das nossas almas. Ámen.

(fazer o pedido)


Rezar pelas intenções do Santo Padre:

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai.


- Rogai por nós, Beato Inácio de Azevedo e Companheiros Mártires!
- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos:
Todo-poderoso e eterno Deus,
que, no Beato Inácio e seus companheiros,
permitis que veneremos numa só solenidade
as palmas de 40 mártires,
concedei-nos propício que possamos imitar
a invencível constância na fé desta falange de mártires,
cuja glória no céu jubilosos contemplamos.

Começa no dia 8 de Julho a Novena dos “40 Mártires do Brasil”, cuja festa litúrgica se celebra no dia 17 desse mês. Mas cada pessoa pode fazer esta novena em qualquer altura do ano, durante nove dias seguidos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Lista dos Beatos Mártires do Brasil
01 - Inácio de Azevedo, Sacerdote Provincial, 43 anos, natural do Porto (arredores), Português
02 - Diogo de Andrade, Sacerdote (Ministro), 38? anos, natural de Pedrógão Grande, Português
03 - António Soares Estudante 21? anos, natural de Trancoso da Beira, Português
04 - Bento de Castro, Mestre de Noviços, 27 anos, natural de Chacim, Português
05 - João Fernandes, Estudante, 23 anos, natural de Braga, Português
06 - Manuel Álvares, Irmão, 24 anos, natural de Estremoz, Português
07 - Francisco Álvares, Irmão, 31 anos, natural da Covilhã, Português
08 - João de Mayorga, Irmão/Pintor, 37 anos, natural de S.J. du Pied de Port, Espanhol
09 - Estêvão de Zuraire, Irmão/Bordador, 30 anos, natural de Amescoa/Biscaia, Espanhol
10 - Afonso de Baena, Irmão, 31 anos, natural de Villatobas/Toledo, Espanhol
11 - Domingos Fernandes, Irmão, 19 anos, natural de Borba, Português
12 - Gonçalo Henriques, Diácono, 20? anos, natural do Porto, Português
13 - João Fernandes, Estudante, 19 anos, natural de Lisboa, Português
14 - Aleixo Delgado, Estudante/Cantor, 17 anos, natural de Elvas, Português
15 - Luís Correia, Estudante, 17 anos, natural de Évora, Português
16 - Manuel Rodrigues, Estudante, 20? anos, natural de Alcochete, Português
17 - Simão Lopes, Estudante, 18 anos, natural de Ourém, Português
18 - Manuel Fernandes, Estudante, 19? anos, natural de Celorico da Beira, Português
19 - Álvaro Mendes, Estudante/Cantor, 19? anos, natural de Elvas, Português
20 - Pero Nunes, Estudante, 19? anos, natural de Fronteira, Português
21 - Luís Rodrigues, Estudante, 16 anos, Évora, Português
22 - Francisco de Magalhães, Estudante/Cantor, 21 anos, natural de Alcácer do Sal, Português
23 - Nicolau Dinis, Estudante (Noviço), 17 anos, natural de Bragança, Português
24 - Gaspar Álvares, Irmão, 18? anos, natural do Porto, Português
25 - Brás Ribeiro, Irmão (Noviço), 24 anos, natural de Braga, Português
26 - António Fernandes, Irmão/Carpinteiro de Móveis, 18? anos, natural de Montemor-o-Novo, Português
27 - Manuel Pacheco, Estudante, 19? anos, natural de Ceuta, Português
28 - Pero de Fontoura, Irmão (Noviço), 23 anos, natural de Chaves, Português
29 - Simão da Costa, Irmão, 19 anos, natural do Porto, Português
30 - André Gonçalves, Estudante (Filosofia), 18 anos, natural de Viana do Alentejo, Português
31 - Amaro Vaz, Irmão/Ourives, 17 anos, natural de Marco de Canaveses, Português
32 - Diogo Pires, Estudante, 24? anos, natural de Nisa, Português
33 - Marcos Caldeira, Estudante (Noviço), 23 anos, natural de Vila da Feira, Português
34 - António Correia, Estudante, 17 anos, natural do Porto, Português
35 - Fernão Sanchez Estudante, 18? anos, natural de Castela-a-Velha, Espanhol
36 - Gregório Escrivano, Irmão, 18? anos, natural de Viguera/Logroño, Espanhol
37 - Francisco Pérez Godoy, Estudante/Canonista, 30 anos, natural de Torrijos/Toledo, Espanhol
38 - João de Zafra, Irmão, 18? anos, natural de Jerez de Badajoz, Espanhol
39 - João de San Martín, Estudante, 20 anos, natural de Yuncos/Toledo, Espanhol
40 - João Adaucto, Estudante, 18? anos, natural de Entre Douro e Minho, Português

sexta-feira, 3 de julho de 2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

monsenhor João Luís de Carvalho
1.Junho.1909 a 16.Novembro.1991
membro do presbitério Eborense
fundador do Cenáculo das Cooperadoras Apostólicas
e da Obra de São José Operário
1º centenário do seu nascimento

domingo, 17 de maio de 2009

120º ANIVERSÁRIO DO NASCIMENTO
DA SERVA DE DEUS MARIA ISABEL DA SS.ma TRINDADE
Extracto da Homilia da Missa na Sé de Elvas
A mulher solteira preocupa-se com os interesses do Senhor,
a fim de ser santa de corpo e de espírito (1 Cor 7,32).
Na Primeira Carta aos Coríntios, S. Paulo estabelece algumas diferenças no modo de proceder entre as mulheres casadas e as mulheres solteiras. Considera ele que as mulheres casadas, tendo que cuidar da casa, da família e de tudo quanto a elas está associado, estão pouco disponíveis para as coisas de Deus. Por sua vez, as solteiras, menos dispersas com as preocupações familiares, dispõem de mais tempo para cuidar das coisas de Deus e para progredir na própria santidade, se assim o desejarem. Olhando para o exemplo da Serva de Deus que hoje comemoramos, facilmente nos damos conta de que, tendo ela vivido como solteira, casada, viúva e consagrada na vida religiosa, sempre encontrou tempo para se dedicar às coisas de Deus, que chegaram mesmo a absorvê-la por completo. (…)
Completam-se amanhã 120 anos que nasceu, no Monte do Torrão, paróquia de S. Eulália, Maria Isabel Picão Caldeira. Para assinalar esse aniversário e dar graças a Deus pelos frutos de santidade produzidos, ao longo de setenta e três anos, na sua vida, reunimo-nos hoje, em assembleia solene, nesta histórica e vetusta igreja dedicada a Nossa Senhora da Assunção, onde tantas vezes ela entrou para participar nos divinos mistérios, apresentar ao Senhor os seus projectos e d’Ele alcançar a luz e a força espiritual, que a tornaram capaz de ultrapassar os múltiplos obstáculos e vencer as árduas dificuldades, com que se defrontou nas diferentes etapas da sua vida.
Na verdade, a história de vida dessa mulher está marcada pela presença de Deus, que se manifesta no meio das contrariedades, e poderá servir de ilustração ao que diz a Sagrada Escritura acerca das provas a que Deus submete aqueles que ama. (…)
Maria Isabel nasceu no seio de uma família abastada e cristã. Nela cultivou o dom da fé e aprendeu o amor ao próximo, constantemente exercitado na compaixão pelos pobres e necessitados. (…) O desejo de agradar a Deus foi uma constante na vida dessa alma de eleição.
As virtudes da fé, da humildade, da caridade, da fidelidade e da fortaleza foram submetidas a duras provas, durante este período de busca e de transição da vida de leiga cristã para a vida de religiosa consagrada e fundadora de uma nova Congregação. Foi o tempo do deserto e da purificação, antes de entrar na terra prometida, por ela sonhada, e concedida, finalmente, por Deus, em recompensa da sua fé e da sua fidelidade.
(…) A Serva de Deus, deixando-se orientar pelos mestres espirituais, que Deus suscitou no seu caminho, foi sempre guiada pela luz do Espírito, que nunca se extinguiu na sua vida. A pouco e pouco foi compreendendo qual era a vontade de Deus a seu respeito. Os contornos da nova Congregação foram-se definindo, até que em 1955 o papa Pio XII aprovou definitivamente a tão desejada Congregação, inspirada na devoção a Maria, sob a invocação da sua Imaculada Conceição, com o carisma de servir a Deus nos pobres, pelo despojamento total dos bens materiais, a exemplo de Francisco de Assis.
A melhor prova de que o carisma Concepcionista ao Serviço dos Pobres está assente em bases sólidas é o facto da Igreja, pela aceitação do processo da causa de beatificação, ter considerado a Madre Maria Isabel uma cristã de vida exemplar, que se dedicou de forma extraordinária à prática das virtudes e da vida evangélica. Este é, na verdade, mais um motivo para darmos graças a Deus na nossa celebração de hoje. Com efeito, na vida desta mulher encontramos um modelo de vida vivida à luz da fé, aquecida no ardor da caridade e guiada pelos apelos veementes da esperança.
Elvas, 31 de Janeiro de 2009
† José Francisco Sanches Alves, Arcebispo de Évora

quinta-feira, 7 de maio de 2009

No seguimento de Jesus...
Jesus não só se deu a mim para me fortalecer, não só me chamou amorasamente, mas quis ainda ensinar-me o caminho com a sua palavra e com o seu exemplo. Foi adiante de mim, sujeitando-se a todas as inclemensias e arrostou com todas as fadigas, aceitou todas as humilhações, para depois me dizer segue-me. Tudo me está pois facilitado, Ele mostra o caminho, estende-me a mão, só me resta segui-lo. Que amor!
Servo de Deus
D. Manuel Mendes da Conceição Santos
Retiro espiritual em Fátima
Maio de 1947

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Com a Bula "Inter Universa" de 30 de Abril de 1489, Inocêncio VIII confirma a fundação do mosteiro da Imaculada Conceição de Toledo, consequentemente de todos os mosteiros que a partir deste forem surgindo, ou seja da própria Ordem da Imaculada Conceição.
Assim sendo, passam hoje 520 da aprovação da Ordem da Imaculada Conceição.

Este é o documento pontifício mais antigo em que se faz menção a Santa Beatriz, nele podemos encontrar as mais antigas e seguras notícias em torno dos princípios da Ordem da Imaculada Conceição, fundada pela Campomaiorense Santa Beatriz da Silva e Meneses.

Bula "INTER UNIVERSA"
1. Inocêncio Bispo, servo dos servos de Deus, aos veneráveis irmãos: os Bispos de Coria e de Catânia e ao amado filho e Oficial da Igreja de Toledo, saúde e bênção apostólica.
2. Considerando que, entre os numerosos ministérios aceites a serviço da divina Majestade, não é de menor importância a fundação de Mosteiros e casas religiosas, onde as virgens prudentes se preparam para sair, com as lâmpadas acesas, ao encontro do Esposo Cristo Jesus, e lhe ofereçam um agradável e obsequioso culto, condescendemos de bom grado aos piedosos desejos de pessoas devotas em ordem à fundação e erecção de mosteiros e casas religiosas, e acedemos favoravelmente às humildes súplicas das mesmas.
3. Assim, pois, como se nos há apresentando recentemente, da parte da amada filha em Cristo, Beatriz da Silva, vizinha de Toledo, uma petição na qual se declara que, em seu dia, nossa filha caríssima em Cristo, Isabel, rainha ilustre de Castela e de Leão, por singular devoção que professa à Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, havia concedido e doado, livre e generosamente, à mencionada Beatriz, desejosa de abraçar a vida religiosa, uma casa grande, denominada Os palácios de Galiana, situada na cidade de Toledo, propriedade legítima da mesma rainha, na qual existe uma igreja antiga ou capela sob a invocação da Santa Fé, com o propósito de fundar nela, em honra do mistério da Conceição, um Mosteiro de alguma ordem aprovada, na qual a mesma Beatriz e outras devotas mulheres, suas companheiras, vivessem sob regular observância e servissem ao Altíssimo e à Bem-aventurada Virgem Maria: e que as já mencionadas Beatriz e senhoras aceitaram, em virtude de tal concessão e doação, a referida casa e desde então a habitaram e no presente a habitam, vivendo em comum e servindo ao Altíssimo e à Bem-aventurada Virgem Maria, com a expressa intenção de que fique constituído ali o citado mosteiro.
4. Pelo qual, se Nos suplica humildemente, de parte de Beatriz, a qual assegura haver nascido de nobre estirpe, e que ela e as citadas senhoras desejam professar a Ordem de Cister, pela devoção que lhe têm, que Nos dignássemos, com benignidade apostólica, erigir na mencionada casa um mosteiro de monjas desta Ordem, sob a advocação da Conceição bem-aventurada, com abadessa, campanário, sino, dormitório, refeitório, claustro, horta, currais e outras dependências necessárias, onde vivam em comum e sob regular observância e em clausura perpétua: e que a mencionada igreja ou capela se lhe destine para igreja ou capela própria: mais outras providências oportunamente previstas.
5. Nós, pois, que com sumo interesse desejamos, especialmente nestes tempos, o incremento do culto, a propagação da religião e a salvação das almas, estimando muito ante o Senhor o piedoso e louvável propósito da rainha e de Beatriz, acedendo a tais pedidos e em atenção também a que a rainha, em pessoa, humildemente no-lo pede, encomendamos por estas Letras apostólicas, à vossa solicitude fraternal que um, ou dois de vós, ou todos três erijais com a nossa autoridade na citada casa um mosteiro de Ordem cisterciense sob o título da Conceição, com categoria abacial, campanário, sino, dormitório, refeitório, claustro, horta, currais e outras dependências necessárias, para uma abadessa que presida às demais monjas da dita Ordem, a saber, para Beatriz e às senhoras que com ela ali moram, se quiserem professar, as quais hão-de viver em comum e sob regular observância e em clausura perpétua; e que elas e o seu mosteiro, da mesma forma que o de São Domingos, de Toledo, da mesma Ordem, denominado «O Velho», e alguns outros mosteiros desta Ordem que estão sujeitos aos Ordinários do lugar, fiquem sob a jurisdição do Arcebispo, que seja, de Toledo, sem prejuízo, além do mais, de terceiro, e salvaguardando sempre em tudo o direito da Igreja paroquial e de outro qualquer: e a referida igreja ou capela entregai-lha para igreja sua perpetuamente; e que concedais à abadessa, que seja, do referido mosteiro e ao seu convento a faculdade de estabelecer alguns estatutos e ordenações louváveis e honestos, que não sejam contrários aos sagrados cânones, os quais as monjas que vivem no citado mosteiro estarão obrigadas a observar perpetuamente, ainda no que se refere à eleição da abadessa, tanto por esta primeira vez como nas que se sucederem; e que a abadessa, que seja, e as referidas monjas levem hábitos e escapulários brancos, e sobre eles, um manto cor celeste, com a imagem da Bem-Aventurada Virgem Maria fixa sobre o manto e o escapulário, e que se cinjam com um cordão de canhamo ao estilo dos Frades Menores: e que em ordem à celebração da Horas canónicas, que devem dizer segundo o costume da Igreja Romana, se observe deste modo, a saber: que, à excepção dos domingos, nos quais deve ler-se por obrigação algum livro já iniciado ou o ofício do dia, e quando se celebram festas de rito duplo ou semi-duplo ou solene, e igualmente nos dias feriais, quando não se pode omitir o Ofício do dia, e nas oitavas das festas assinaladas, nos demais dias, durante todo o ano, hão-de celebrar as horas canónicas maiores e o Oficio Divino do mistério da Conceição; e que nos dias de excepção já assinalados, quando devem dizer as Horas maiores de Domingo ou da féria ou de festa, hão-de celebrar o Ofício Parvo (breve) da Bem-aventurada Virgem Maria, com as antífonas, versículos, capitulas e orações do mistério da Conceição: e que jejuem todas as sextas-feiras e durante o Advento do Senhor e nos demais dias em que os fiéis cristãos estão obrigados a jejuar, e não sejam obrigadas a mais jejuns. E como, segundo se afirma, a cidade de referência dista do mar sete dias ou mais, e sofre contínua escassez de peixes, podem comer carne sempre, menos nos dias assinalados de jejum, e aos sábados e às quartas-feiras:
6. E que a Abadessa, que seja, depois de escutar o parecer das monjas que lhe assistem como conselheiras, possa dispensar-se a si mesma e às demais monjas do mosteiro indicado, quando lhe parecer conveniente, dos jejuns a que estão obrigadas em virtude destas disposições, que não em virtude do Direito comum; e o mesmo se diga das roupas de linho: e que possam escolher do clero secular ou do clero regular com licença dos seus superiores alguns sacerdotes, para confessores e para que se lhes celebrem as Missas e outros Ofícios divinos, e para que lhes administrem os sacramentos da Igreja; os quais, depois de ouvi-las atentamente em confissão, possam absolver a abadessa e a cada uma das monjas que viverem no dito mosteiro, por uma só vez na vida, de todos os casos reservados à Sé Apostólica, e dos demais casos quantas vezes parecer conveniente, impondo-lhe uma saudável penitência; e podem dar-lhe também, uma vez na vida e em artigo de morte, a absolvição plenária de todos seus pecados, dos quais se tivessem confessado com coração contrito, permanecendo na verdadeira fé, em união com a Santa Igreja Romana e na obsequiosa obediência a Nós devida e aos Romanos Pontífices que legitimamente Nos sucederem.
7. E que determineis e ordeneis, com igual autoridade, que ninguém possa entrar na clausura sem expressa licença de qualquer abadessa, sob pena de excomunhão Latae Sententiae, na qual incorrerá no momento em que actue em contrário.
8. Não obstante as constituições e ordenações apostólicas, nem os estatutos e costumes da dita Ordem, ainda ratificados com juramento, ou confirmação apostólica ou de qualquer outra forma corroborados, e tudo o mais que a isto se oponha.
9. Assim, pois, se levais a cabo, como se propõe, em virtude das presentes, a fundação pretendida, Nós, de especial favor concedemos, com autoridade apostólica, no teor das presentes, à abadessa e monjas de referência, que, de hoje em diante, durante a Quaresma e os demais dias em que se visitam as Estações das igrejas de Roma e fora dela, ganhem as mesmas indulgências que lucrariam visitando as igrejas de referência, com a condição de que visitem alguns altares da igreja do citado mosteiro e rezem ajoelhadas, diante deles, três vezes a oração do Senhor, e outras tantas a saudação angélica; e que possam e devam usar, desfrutar e gozar livre e licitamente de todas e cada uma das graças, privilégios e excepções da dita Ordem concedidas em geral pela Santa Sé.
10. Em São Pedro de Roma, dia 30 de Abril do ano da Encarnação do Senhor de 1489, quinto de nosso Pontificado.
Inocêncio VIII

terça-feira, 28 de abril de 2009

SÃO NUNO DE SANTA MARIA
painel de 80 azulejos, pintado pela artista Canense Teresa Meira
e oferecido ao Sr. D. José Francisco Sanches Alves,
arcebispo de Évora,
no passado dia 19 de Abril de 2009,
por ocasião da sua visita à Paróquia da Vila de Cano,
onde Confirmou (Crismou) 20 cristãos.

* * * * * * *

SANTA BEATRIZ DA SILVApainel de 24 azulejos mais cercadura,
pintado pela artista Canense Teresa Meira
e oferecido ao pároco da Vila de Cano,
no passado dia 19 de Abril de 2009,
por ocasião da Confirmação (Crisma) de 20 cristãos.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

São Nuno de Santa Maria, está entre os novos santos
Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira
esta figura exemplar

«Sabei que o Senhor me fez maravilhas. Ele me ouve, quando eu o chamo» (Sal 4,4). Estas palavras do Salmo Responsorial exprimem o segredo da vida do bem-aventurado Nuno de Santa Maria, herói e santo de Portugal. Os setenta anos da sua vida situam-se na segunda metade do século XIV [catorze] e primeira do século XV [quinze], que viram aquela nação consolidar a sua independência de Castela e estender-se depois pelos Oceanos – não sem um desígnio particular de Deus –, abrindo novas rotas que haviam de propiciar a chegada do Evangelho de Cristo até aos confins da terra. São Nuno sente-se instrumento deste desígnio superior e alistado na militia Christi, ou seja, no serviço de testemunho que cada cristão é chamado a dar no mundo. Características dele são uma intensa vida de oração e absoluta confiança no auxílio divino. Embora fosse um óptimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais sobreporem-se à acção suprema que vem de Deus. São Nuno esforçava-se por não pôr obstáculos à acção de Deus na sua vida, imitando Nossa Senhora, de Quem era devotíssimo e a Quem atribuía publicamente as suas vitórias. No ocaso da sua vida, retirou-se para o convento do Carmo por ele mandado construir. Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélica, é possível actuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada ao serviço do bem comum e da glória de Deus.
da Homilia de Bento XVI, 26/4/2009, na canonização de São Nuno de Santa Maria

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Beato Nuno de Santa Maria
monge da Ordem do Carmo
memória litúrgica: 6 de Novembro

Resumo Biográfico
Nasceu a 24 de Junho de 1360, em Cernache do Bom Jardim, filho ilegítimo de D. Álvaro Gonçalves Pereira, que foi Prior do Priorato do Crato, dos Cavaleiros de São João de Jerusalém e de D. Iria Gonçalves de Carvalhal, dama da Infanta Dona Beatriz (filha de D. Fernando). A infância e a adolescência decorreram neste ambiente cavalheiresco e profundamente religioso que havia nestes grupos. Imbuído do ideal de Galaad, um dos cavaleiros da mesa redonda que acompanhavam o mítico Rei Artur, quis permanecer celibatário, mas, para não contrariar o seu pai, veio a casar-se com D.ª Leonor de Alvim, com quem teria três filhos e com quem teve uma vida matrimonial feliz. O casamento teve lugar a 15 de Agosto, festa da Assunção de Maria, de 1376.
Dois dos seus filhos morreram crianças e apenas a terceira, D.ª Beatriz, chegaria à idade adulta, casando-se com D. Afonso, o filho do rei D. João I.
O jovem Nuno sobressaiu rapidamente na corte. A sua nobreza de ânimo, a sua valentia, a lealdade para com o rei e o ideal de pureza que parecia ter-se traçado desde criança, chamaram à atenção quer da família real quer dos outros cortesãos.
A morte do rei D. Fernando de Portugal originou um problema dinástico. Alguns cavaleiros portugueses defendiam o direito ao trono de Beatriz, filha do rei Fernando, casada com o rei de Castela, o que provavelmente teria suposto a incorporação da coroa portuguesa no reino de Castela. Mas muitos outros cavaleiros lusitanos, entre eles Nuno, defendiam o direito ao trono de João, irmão do rei Fernando. Não demorou muito a rebentar uma guerra entre os dois reinos, provocada pelo problema da sucessão dinástica. A guerra durou vários anos, com períodos de relativa calma. Em Abril de 1384, as tropas portuguesas, ao serviço de D. João, vencem a facção rival, na batalha de Atoleiros, o que originou, a subida ao trono de João I. Um ano mais tarde, no dia 14 de Agosto de 1385, as tropas comandadas por Nuno Álvares Pereira derrotaram os seguidores do rei de Castela, na memorável batalha de Aljubarrota, e, pouco depois, em Valverde, o que fez com que Nuno ganhasse uma grande fama como herói nacional. A paz definitiva seria assinada em 1411.
Mas, pouco mais tarde, a desgraça abateu-se sobre o Condestável. Em 1387, morre a sua esposa, D.ª Leonor de Alvim, que residia no Porto com a filha dos dois. Depois, o ainda jovem Nuno negou-se a contrair novo casamento. A vida de piedade e penitência acentua-se sobremaneira e o Condestável, herói de tantas batalhas, famoso guerreiro ao serviço do rei, vai, a pouco e pouco, adquirindo a reputação de homem piedoso e santo.
À sua intervenção decisiva se deve a construção de Igrejas e Conventos por todo o Portugal, destacam-se o Santuário Nacional de Nª Srª da Conceição de Vila Viçosa e o Convento e Igreja dos carmelitas, em Lisboa. As obras duraram mais de oito anos. Os carmelitas, vindos do convento de Moura, instalaram-se no “Carmo” de Lisboa no dia 15 de Agosto de 1397.
Em 1415, Nuno viria ainda a ter tempo de participar numa nova campanha portuguesa, desta vez para além do estreito de Gibraltar, em Ceuta, comandando e contribuindo com a sua experiência militar na expedição portuguesa que se dirigia para o referido lugar do Norte de África. Nuno, com 55 anos, sentia-se já cansado. Pouco depois aconteceu a morte da sua filha, o que provavelmente acelerou a sua decisão de se afastar do mundo e de ter uma vida totalmente entregue à penitência, à piedade e à oração.
Em Agosto de 1423, o Condestável, decide, ingressar na Ordem do Carmo, e levar uma vida de total penitência e austeridade, como irmão donato. No dia 15 de Agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora e data à que parece que a vida de Nuno estava intimamente ligada, vestiu o hábito Carmelita, tomando o nome de frei Nuno de Stª Maria. Apesar das pressões de toda a ordem, recusou privilégios ou mitigações da austeridade conventual. Por intervenção de D. Duarte, filho de João I, convenceu-se, ao menos, que não fosse para um convento longínquo, como era seu desejo e ficou no Convento de Lisboa que mandara construir. O mesmo príncipe conseguiu que Nuno renunciasse ao desejo de mendigar para o convento pelas ruas de Lisboa, como faziam os irmãos donatos.
Sempre recusou ser chamado doutra maneira que não “Frei Nuno de Stª Maria”, recusando qualquer tipo de título de nobreza. Mais ainda, quando o príncipe D. Duarte quis que conservasse o título de Condestável, Nuno respondeu com humildade, mas com firmeza: “o Condestável morreu e está enterrado num santuário…” Depois de oito anos de vida de penitência e de grande austeridade, Frei Nuno de Stª Maria morreu em Lisboa, no dia 1 de Abril de 1431. O seu funeral constituiu uma enorme manifestação de dor, quer por parte da nobreza e da família real, quer por parte dos carmelitas e de tantos devotos, que viram nele um modelo de penitência, de humildade e de desprezo das galas e honras deste mundo.
cf. Site Oficial da Canonização de Nuno de Santa Maria

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Processo de Canonização
da Serva de Deus

madre Maria Isabel da SS.ma Trindade

A três de Julho de 1996, aniversário da morte da Serva de Deus, Madre Maria Isabel da SS.ma Trindade, o Conselho Geral da Congregação das Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres, decidiu introduzir o Processo Diocesano de Canonização da sua Fundadora. Dois dias depois, a 5 de Julho, a Superiora Geral, Irmã Maria Alice Isabel, fez o "Mandato Postulatório", aprovado no dia 7, por Sua Ex.cia Rev.ma D. Maurílio Jorge Quintal de Gouveia, Arcebispo de Évora, nomeando Postulador o Rev.do P. Luca de Rosa, ofm.
Dados os passos necessários, foi instruído o Processo Informativo Diocesano sobre a vida, virtudes e fama de santidade da Serva de Deus, na Arquidiocese de Évora, com a Sessão de Abertura, a 5 de Julho de 1998, sob a presidência do Arcebispo, numa sala do Convento da Imaculada Conceição, em Elvas, Casa Mãe da Congregação.
O Tribunal da Causa iniciou as suas funções no dia seguinte à abertura do Processo, e realizou cento e quinze sessões. Durante dois anos, de 1998 a 2000, ouviu quarenta e três testemunhas, que conheceram e conviveram com a Serva de Deus, e cinco que ouviram falar dela a quem a conheceu.
O Processo Informativo Diocesano encerrou no dia 5 de Julho de 2000. A Sessão de Clausura realizou-se na sede do Tribunal para a Causa de Canonização da Serva de Deus, Maria Isabel da SS.ma Trindade, no Convento da Imaculada Conceição, em Elvas, na presença de D. Maurílio Jorge Quintal de Gouveia, Arcebispo de Évora.
Encerrado o Processo, o Tribunal confiou-o ao Postulador da Causa, que por sua vez o entregou, em Roma, na Congregação para as Causas dos Santos, no dia 8 de Julho do mesmo ano. Meses depois, no dia 17 de Novembro de 2000, esta Congregação emitia o Decreto de Validade, e a 9 de Fevereiro de 2001, era nomeado Relator da Causa o P. Cristoforo Bove, OFM Conv.
Em Setembro de 2001 iniciou-se a escrita da Positio, ou seja, a Biografia Documentada da Serva de Deus, Madre Maria Isabel da SS.ma Trindade, e concluiu-se em Março de 2008. Foi analisada pela Congregação para a Causa dos Santos e depois impressa. Nela se descreve a vida, as virtudes e a fama de santidade de que goza a Serva de Deus. Consta de dois volumes.
Aguarda-se a proclamação da heroicidade das virtudes e um milagre para que Madre Maria Isabel possa ser beatificada.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

…recorrei à Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e às suas preciosas Chagas e sentireis grande consolação. Reparai em toda a sua vida: o que foi senão trabalhos, para nos dar o exemplo? De dia pregava e de noite orava (Mt 14, 23; Lc 6, 12; 1 Pd 2, 21). E nós, pobres pecadores e vermezinhos da terra, para que queremos descanso ou riqueza? Pois, ainda que fosse nosso o mundo inteiro, em nada seríamos melhores e nunca estaríamos contentes por mais que tivéssemos (Imit L3 16, 1-2). Contente só poderá estar aquele que, desprezando todas as coisas, ama a Jesus Cristo (Mt 19, 21). Dai tudo pelo tudo que é Jesus Cristo, … dizei que mais quereis a Jesus Cristo do que a todo o mundo (1 Cor 16, 22; Imit L2 7, 1), que confiais sempre n'Ele e que por Ele a todos quereis, para que se salvem.
1ª Carta de São João de Deus à Duquesa de Sesa

quinta-feira, 12 de março de 2009

Pensamentos sobre a Oração
"Sem a oração
não posso chegar ao Amor".

* * *
"... na oração vocal
quero avivar frequentemente
a ideia de que estou a falar com Deus".

Servo de Deus
D. Manuel Mendes da Conceição Santos

quarta-feira, 11 de março de 2009

Campo Maior,
berço de Santa Beatriz da Silva
Por vezes, é fácil confundir “bairrismo” com “amor à verdade”. No que diz respeito ao lugar do nascimento de Santa Beatriz da Silva (Campo Maior ou Ceuta?), infelizmente, para aqueles que defendem uma tradição de 426 anos, com testemunhos e documentos absolutamente credíveis, que dão a Campo Maior a honra de ser o berço de Beatriz são apelidados de “bairristas” e os defensores de Ceuta teimam em não averiguar e estudar uma tradição de quase 500 anos, agarrando-se a uma obra, “História de Ceuta”, escrita em 1648, pelo português H. de Mascaranhas, ao serviço de Espanha, que diz “deverá” Beatriz ter nascido na cidade africana de Ceuta, quando têm à sua disposição, variadíssima documentação que prova as origens Campomaiorenses de Beatriz.
Por agora detemo-nos em: Santa Beatriz de Silva, Positio sobre la vida y virtudes (traducción española), en el 25 aniversario de su canonización - Toledo - 2001. Obra fundamental que resume toda a documentação histórica de um candidato às honras dos altares.
A citada “Positio”, nos dados biográficos da Santa afirma que esta nasceu em Ceuta: “La Beata Beatriz nasció en Ceuta el año 1424 ó 1426”[1] mais adiante (páginas 179 a 241), dos oito[2] testemunhos recolhidos a quando do início do processo de canonização entre Maio e Julho de 1636[3], só dois, o de Maria de Miño y Frías[4] e o de Maria de Ulloa[5] não referem o local do nascimento[6], os restantes seis afirmam que a Santa nasceu em Campo Maior, diocese de Elvas[7], reino de Portugal.
Há ainda que referir que dos 8 testemunhos recolhidos para o processo e referidos na “Positio”, absolutamente nenhum se refere a Ceuta, muito menos como o local de nascimento de Beatriz da Silva e Meneses.
Há ainda a referir, os relatos biográficos escritos entre 1512 e 1526, publicados e comentados na “Positio” (páginas 43 a 94). Os dois mais antigos referem Campo Maior como o local de nascimento de Beatriz:
- “... e o que se sabe é que nasceu esta senhora em Campo Maior” (notícia biográfica escrita provavelmente em Janeiro de 1512 e encontrada no sepulcro no ano de 1518, escrita por Joana de São Miguel, vigaria do mosteiro da Conceição de Toledo[8]);
- “O que se sabe é, que esta senhora nasceu em Campo Maior” (vida da venerável dona Beatriz da Silva, fundadora da Ordem da Imaculada Conceição, escrita entre 1515 e 1526[9]);
- Os outros dois[10] documentos, não referindo Campo Maior como local de nascimento, dizem-na “…natural do reino de Portugal”, ou “… mulher de nação portuguesa”. Em nenhum dos quatro documentos sequer se refere Ceuta, como local de nascimento, ou por qualquer outro motivo.
De facto, causa muita estranheza que uma tradição de 426 anos que dá a Santa nascida em Campo Maior, seja preterida em favor de um texto - o de Mascaranhas, escrito em 1648 (152 anos depois da morte da Santa), nunca publicado e completamente esquecido durante 270 anos - arrancado ao completo esquecimento e publicado em 1918[11], sobrepondo-se a uma tradição secular confirmada por documento e testemunhos referidos na “Positio”.
Ao ler a Bula da Canonização e a Homilia da mesma, do papa Paulo VI, o argumento a favor de Campo Maior cairá por terra, pois o papa diz que Beatriz nasceu em Ceuta[12]. Contudo, há que dizer que o Romano Pontífice é “infalível” em questões de Fé e Tradição, não em História. Mais ainda, muito provavelmente, o Papa trabalhou a partir dos elementos que lhe foram facultados e muito provavelmente apresentaram-lhe Beatriz nascida em Ceuta e não a tese, testemunhos, documentação e argumentação que a dão como natural de Campo Maior.
Dos oito testemunhos recolhidos entre Maio e Junho de 1636 para o processo de canonização da serva de Deus Beatriz da Silva, seis[13], à pergunta sobre o lugar do nascimento da fundadora da Ordem da Imaculada Conceição, afirmam que a que a Santa nasceu em Campo Maior, diocese de Elvas, reino de Portugal.
No espaço que se segue, transcrevemos a resposta das referidas seis testemunhas à pergunta do local de nascimento da Senhora Dª Beatriz da Silva.
1. Mariana de Luna, abadessa do mosteiro da Santíssima Conceição de Toledo (ff. 75-98)[14]
Foi a primeira interrogada, a 10 de Maio de 1636, Mariana de Luna, abadessa do Mosteiro das Concepcionistas de Toledo. É a mais idosa das monjas examinadas durante o processo. Natural de Toledo, naquele tempo tinha 71 anos e havia 60 que se encontrava no mosteiro da Conceição no qual tinha entrado a 25 de Abril de 1575. Portanto, conhecia bem a tradição do mosteiro em torno da Beata Beatriz. E o seu conhecimento une-se com a própria beata. Enquanto estava viva. Com efeito, a testemunha menciona algumas monjas das quais ouviu o que afirma; e uma destas, Guiomar de Avellaneda, tinha entrado na Ordem em 1500, a qual teve que conhecer as companheiras da fundadora e conservar as mais antigas memórias.
À 1ª pergunta disse que, seguindo a tradição que esta testemunha tem desde há 60 anos em que entrou para se fazer monja neste convento, ouviu dizer às monjas que estavam no convento que a venerável madre dona Beatriz da Silva nasceu na cidade de Campo Maior no reino de Portugal, diocese de Elvas.
2. Joana de Leiva, monja do mosteiro da Santíssima Conceição de Toledo (ff. 99-130)[15]
Na sessão de 14 de Maio de 1636 foi interrogada a monja Joana de Leiva de 46 anos, nascida em Bruxelas e que entrou no mosteiro da Conceição aos 10 anos de idade. Era filha da princesa de Áscoli, testemunhou neste processo e do qual copiaremos a sua declaração. Também este testemunho confirma a tradição do mosteiro, da qual na realidade provém o seu conhecimento sobre a beata.
Beatriz da Silva, todas de vida exemplar. Dirá tudo o que sabe por tradição e por tê-lo lido no livro da fundação e em outras histórias. Disse portanto que é coisa notória que a dita dona Beatriz da Silva nasceu na cidade de Campo Maior, diocese de Elvas, em Portugal…
3. Madalena Porcia, princesa de Áscoli (ff. 457-479)[16]
Ainda que não pertencesse à Ordem Concepcionista, a princesa de Áscoli viveu trinta e oito anos no mosteiro da Conceição de Toledo, dos quais esteve 17 em clausura. Foi benfeitora do mosteiro, especialmente conhecida porque em 1618 fez arranjar o sepulcro da Beata. A declaração desta testemunha não se distancia da das monjas Concepcionistas, contudo é interessante na medida que provém de uma pessoa leiga que viveu longos anos naquele ambiente religioso.
À 1ª pergunta respondeu sua excelência que havia mais de 38 anos que tinha entrado no convento, dos quais havia vivido 17 em clausura; no início conheceu no mesmo convento a Catarina de São Paulo, Maria de São Jerónimo, dona Isabel de Peralta e dona Joana de Sotomayor e dona Petronila de Rojas, pessoas muito idosas, muitas das quais foram abadessas neste convento e de vida santa, as quais diziam ter tido convivência com as religiosas que entraram nos primeiros tempos desta Ordem no primeiro convento da fundação. Disse que conhecia a todas as demais religiosas que tinha encontrado neste convento e que por isso tudo o que dizia era, por tradição, notório e público, proveniente das primeiras religiosas da Ordem, até àquelas que referiu e também pelas histórias que tinha lido num livro antigo que se encontrava naquele convento sobre a fundação da Ordem. Sabia, pois, que a venerável dona Beatriz da Silva tinha nascido em Campo Maior, na diocese de Elvas, no reino de Portugal…
4. Francisco Pablo Inza, médico do mosteiro da Santíssima Conceição de Toledo (ff. 501-504)[17]
O médico do mosteiro da Santíssima Conceição de Toledo, Francisco Pablo Inza, de quase 60 anos de idade, natural de Valência, foi interrogado a 21 de Junho de 1636. E a ele só lhe foram feitas duas perguntas, a I e a XXXI. Depois de ter respondido sobre a fama de santidade que Beatriz goza universalmente, informa a respeito de algumas curas milagrosas. A sua declaração confirma também a convicção geral de que Beatriz é uma santa.
À 1ª pergunta respondeu que desde há uns dez anos era o médico do Convento da Conceição desta cidade, e que, pelas histórias que tinha lido e por ter falado com pessoas tanto do dito convento como seculares (leigos), sabia que a venerável dona Beatriz da Silva, nasceu na cidade de Campo Maior, na diocese de Elvas, no reino de Portugal…
6. Gaspar Téllez, leigo e tio de uma das monjas da Santíssima Conceição de Toledo (ff. 599-620)[18]
É um secular (leigo), natural das Ilhas Canárias e residente em Toledo há mais de trinta e nove anos. Conheceu o mosteiro da Conceição de Toledo, porque nele se encontrava como monja uma sobrinha de sua mulher. Também a sua declaração, feita a 30 de Junho de 1636, confirma a fama de santidade, mais ainda, ele refere um facto milagroso conhecido por ele pessoalmente.
À 1ª pergunta respondeu que tudo o que ele dirá soube-o por tradição, fama pública e histórias lidas, e também porque está no Convento da Puríssima Conceição desta cidade dona Maria Espinosa Monteflor, monja professa, sobrinha de dona Francisca Monteflor, sua mulher, que entrou no Convento há doze anos, e porque conhece o Convento desde há uns trinta anos. Sabe, portanto que a venerável dona Beatriz da Silva nasceu na cidade de Campo Maior, no reino de Portugal, da diocese de Elvas…
8. Maria de Aragón, monja Dominicana do mosteiro da “Madre de Deus” de Toledo (ff. 693-704)[19]
A testemunha é uma das monjas mais idosas do mosteiro da “Madre de Deus”, no qual por algum tempo foram conservados os ossos de Beatriz. Natural de Guadalajara, de 60 anos de idade, foi interrogada a 9 de Julho de 1636. A sua declaração não apresenta notícias desconhecidas aos outros testemunhos. Confirma, sem dúvida, que também neste mosteiro Beatriz é considerada como uma santa. O testemunho refere também um milagre que aconteceu no translado dos ossos do mosteiro da “Madre de Deus” para o mosteiro da Conceição.
À 1ª pergunta respondeu que tudo o que sobre esta causa podia dizer o tinha conhecido por tradição, por fama e por história, e que tudo o tinha aprendido no convento. Sabia que a venerável dona Beatriz da Silva tinha nascido na cidade de Campo Maior, no reino de Portugal…
[1] Ordem de la Imaculada Concepción – Confederación “Santa Beatriz de Silva”, “Santa Beatriz de Silva: Positio sobre la vida y virtudes” (traducción española), en el 25 aniversario de su canonización - Toledo – 2001, pg. 1.
[2] Os testemunhos recolhidos entre Maio e Julho de 1636 para o processo de canonização são 48, contudo só 8 são utilizados na “Positio”.
[3] O início do processo de canonização e a recolha dos 48 testemunhos sobre a fama de santidade de Beatriz e dos 12 testemunhos sobre os dois milagres que lhe são atribuídos (Julho de 1638) aconteceu cerca de 145 anos depois da morte da Santa.
[4] Superiora do Convento das Comendadoras de Santiago, que habitavam o convento de Santa Fé, no qual Santa Beatriz fundou a Ordem.
[5] Monja dominicana do mosteiro de São Domingos “O Real”.
[6] E entende-se perfeitamente o porquê da omissão do local do nascimento, pois não sendo da Ordem fundada pela Santa, não tinham acesso às mesmas informações das monjas da Ordem e certamente eram pormenores que não lhe interessavam sobremaneira, e se perderam com o passar dos anos, o que retiveram e lhe interessava a elas e a quem as interrogava era o testemunho de santidade de Beatriz que perdurava quer entre as Dominicanas de São Domingos “O Real”, quer entre as Comendadoras de Santiago de Santa Fé.
[7] A quando do nascimento de Santa Beatriz da Silva (séc. XV), Campo Maior pertencia à diocese de Évora, contudo, a quando da recolha dos testemunhos (séc. XVII), pertencia à entretanto criada diocese de Elvas [O Papa Pio V, pela Bula "Super cunctas" de 9 de Junho de 1570, destacou a parte oriental da diocese de Évora, para constituir a Diocese de Elvas (a que passou a pertencer a Vila de Campo Maior), que ficou sufragânea de Évora]. Actualmente, com a extinção da diocese de Elvas [com a remodelação diocesana ordenada por Leão XIII com a Bula "Gravissimum Christi" de 3 de Setembro de 1881, a diocese de Elvas foi extinta, passando o seu território a integrar a arquidiocese de Évora], Campo Maior voltou, portanto, a pertencer à arquidiocese de Évora. Assim sendo, à época do nascimento da Santa Campomaiorense, Campo Maior pertencia à diocese de Évora, à época dos testemunhos para o processo de canonização pertencia à diocese de Elvas, daí o “nasceu em Campo Maior, diocese de Elvas, reino de Portugal”.
[8] Ordem de la Imaculada Concepción – Confederación “Santa Beatriz de Silva”, “Santa Beatriz de Silva: Positio sobre la vida y virtudes” (traducción española), en el 25 aniversario de su canonización - Toledo - 2001, pg. 38-42.
[9] Idem pg. 43-58.
[10] Ibidem pg. 58-94.
[11] Precisamente em pleno processo de beatificação por confirmação de Culto Imemorial, iniciado em 1910 e terminado a 28 de Julho de 1926.
[12] Ordem de la Imaculada Concepción – Confederación “Santa Beatriz de Silva”, “Santa Beatriz de Silva: Positio sobre la vida y virtudes” (traducción española), en el 25 aniversario de su canonización - Toledo - 2001, pgs. 359 a 367 .
[13] Ver notas 4, 5 e 6.
[14] Ordem de la Imaculada Concepción – Confederación “Santa Beatriz de Silva”, “Santa Beatriz de Silva: Positio sobre la vida y virtudes” (traducción española), en el 25 aniversario de su canonización - Toledo - 2001, pg. 179.
[15] Idem, pg. 191 e 192.
[16] Ibidem, pg. 205 e 206.
[17] Ibidem, pg. 214 e 215.
[18] Ibidem, pg. 220.
[19] Ibidem, pg. 235.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Óptimo jejum quaresmal:
União com Deus
Procure compensar o jejum esforçando-se por santificar a quaresma por meio duma união mais intima com Deus; não pense porém que essa união consiste em sentir consolação interior, em gozar da presença amorosa do Senhor, em não ter tentações; tudo isto são graças que Deus pode conceder é certo, mas que muitas vezes recusa às almas que o amam. Essa união consiste num desejo sincero de fazer a Vontade de Deus, no abandono incondicional a essa vontade e na aceitação filial do que Ele quiser mandar. Saiba contrariar de vez em quando a sua vontade e aceitar com amor as contrariedades. Assim, mesmo sem jejuar, fará uma bela quaresma. Coragem e confiança!
Servo de Deus
D. Manuel Mendes da Conceição Santos
(in Coragem e Confiança (Pensamentos de orientação espiritual), Edição do Centro de Estudos D. Manuel Mendes da Conceição Santos, pgs. 110-111)

domingo, 8 de março de 2009

Carta de São João de Deus a Luís Baptista
1. Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora, a Virgem Maria sempre intacta. Deus antes e acima de todas as coisas do mundo (Deut 6, 5; 11,1).
Deus vos salve, meu irmão em Jesus Cristo e meu filho muito amado, Luís Baptista.
2. Recebi uma carta vossa que me enviastes de Jaén, a qual me deu muito prazer e me causou muita satisfação; contristou-me no entanto a vossa dor de dentes, pois me penaliza todo o vosso mal e me regozijo com o vosso bem.
3. Mandais-me dizer que não encontrastes aí o que procuráveis, e por outro lado dizeis-me que quereis ir a Valença ou não sei aonde. Não sei o que vos diga.
4. É tão urgente que vos envie esta carta que a estou a escrever à pressa e quase nem tenho tempo de encomendar o assunto a Deus; no entanto é necessário encomendá-lo muito a Nosso Senhor Jesus Cristo e com mais vagar do que tenho agora.
5. Vendo eu como sois muitas vezes tão fraco, particularmente no que respeita a mulheres, não sei que vos diga sobre mandar-vos vir para aqui; mesmo o Pedro não se foi embora, nem sei quando o fará; ele diz que quer ir, mas não sei ao certo quando será a partida.
6. Se eu tivesse a certeza de que aqui aproveitaríeis para a vossa alma e para a de todos, mandar-vos-ia vir imediatamente; mas tenho medo que se dê o contrário. Parece-me que por agora seria melhor sujeitar-vos durante algum tempo a uma vida austera, até poderdes vir bem acostumado a trabalhos e dias de grandes reveses e a outros mais bem sucedidos. Por outro lado, parece-me que, se nessa viagem vos haveis de ir perder, seria muito melhor que voltásseis. Mas nisto só Deus é que sabe o que é melhor e mais acertado.
7. Por isso me parece conveniente que, antes de deixar essa cidade, encomendeis muito o caso a Nosso Senhor Jesus Cristo e eu também aqui faça o mesmo. Para isso, escrevei-me muito a miúdo e pedi informações aos peregrinos que vão de um lado para o outro, e eles vos dirão como está essa terra de Valença. Se lá fordes, não deixeis de visitar o santo corpo de S. Vicente Ferrer.
8. Parece-me que andais como barco sem remos (Imitação de Cristo L1 13, 5), de modo que muitas vezes me deixais também na dúvida e como que desorientado, pois ambos, eu e vós, ficamos sem saber o que fazer. Mas como Deus é quem tudo sabe e pode remediar, Ele nos dê remédio e entendimento a todos.
9. Ora, como a mim me parece que andais como pedra movediça, será conveniente que procureis mortificar um pouco a vossa carne, levando vida difícil, com fome e sede, humilhações e cansaços, angústias, trabalhos e contrariedades. Tudo isto o deveis sofrer por Deus, pois, se para cá vierdes, tereis de passar tudo isto por amor de Deus, e por tudo lhe haveis de dar muitas graças, tanto pelo bem como pelo mal (Ecli 11, 14; 1Tes 5, 18).
10. Lembrai-vos de Nosso Senhor Jesus Cristo e da sua bendita Paixão pois retribuía com o bem o mal que Lhe faziam.
Assim haveis de fazer vós, meu filho Baptista, para que, se vierdes para a casa de Deus, saibais conhecer o mal e o bem.
Mas se vós de todo em todo soubésseis que com essa ida vos havíeis de perder, mais valeria voltar para aqui ou para Sevilha, para onde Nosso Senhor mais vos guiasse.
11. Mas se vierdes para aqui, haveis de obedecer muito e trabalhar muito mais do que tendes trabalhado, e tudo em coisas de Deus, e desvelar-vos no serviço dos pobres.
A casa está aberta para vós. Queria ver-vos chegar o melhor possível, como filho e irmão.
12. É natural que me não compreendais bem nesta carta porque estou com muita pressa e não vos posso escrever mais longamente; mesmo não sei se o Senhor será servido que venhais já para esta casa ou se quererá que continueis a padecer por aí. Mas lembrai-vos de que, se vierdes, haveis de vir de verdade e vos haveis de guardar muito das mulheres (1Cor 7, 1) como do diabo.
13. Vai-se aproximando o tempo de escolherdes um estado de vida. Se vierdes para aqui, tendes de oferecer algum fruto a Deus e haveis de deixara pele e as correias. Lembrai-vos de S. Bartolomeu, a quem esfolaram e levou a pele às costas. Se para cá vierdes, não há-de ser senão para trabalhar e não para folgar (Imit L1 17, 3), pois ao filho mais querido é que se confiam os trabalhos mais difíceis.
14. Quanto a virdes para aqui, fazei o que vos parecer melhor e Deus vos inspirar. Se por agora achardes melhor correr mundo, em busca de alguma acção em que melhor sirvais a Deus, falei tudo como Ele quiser e for servido, à semelhança daqueles que demandam as Índias à procura de fortuna. Mas fazei-o de modo que sempre me possais escrever de onde quer que vos encontreis.
15. Todos os dias da vossa vida tende Deus diante dos olhos (Deut 6, 5; 11, 1; Tob 4,5); ouvi sempre Missa inteira; confessai-vos com frequência, se for possível; não durmais nenhuma noite em pecado mortal.
Amai a Nosso Senhor Jesus Cristo sobre todas as coisas do mundo (1Cor 16, 22), pois, por muito que O ameis, muito mais vos ama Ele. Tende sempre caridade (Col 3, 14; 1Jo 4, 16), porque onde não há caridade não há Deus, embora Ele esteja em todo o lugar.
16. Logo que possa, irei apresentar a Lebrija os vossos cumprimentos. Já entreguei a vossa carta ao Baptista que está na cadeia; ficou muito contente com ela. Eu disse-lhe que escrevesse logo a resposta, para vos mandar a carta. Agora vou ver se já a escreveu, para eu vo-la mandar.
Aceitai recomendações de todos. Apresentei os vossos cumprimentos a todos, grandes e pequenos, à Ortiza e ao Miguel. O Pedro diz que, se vierdes, ficareis com ele até se ir embora, e igualmente se voltar outra vez.
17. Nada mais tenho a dizer-vos, a não ser que Deus vos salve, vos guarde e encaminhe no seu santo serviço, a vós e a todas as pessoas do mundo.
Termino a carta mas não as orações que dirijo a Deus por vós e por todos (1Tim 2, 1-4). Devo dizer-vos que me tenho dado muito bem com o Rosário e que espero em Deus rezá-lo quantas vezes puder e Deus quiser.
18. Já vos disse que, se virdes que vos haveis de perder com essa viagem, façais o que vos parecer melhor.
Antes de partir dessa cidade, mandai dizer algumas Missas ao Espírito Santo e aos Santos Reis, se tiverdes com quê; se não, basta a boa vontade; e se nem isso bastar, baste a graça de Deus (2Cor, 12, 9).
19. O irmão menor de todos, João de Deus, se Deus quiser, morrendo, mas entretanto calando e em Deus esperando, escravo de Nosso Senhor Jesus Cristo, desejoso de O servir. Amém Jesus.
Embora não seja tão bom escravo como outros, pois muitas vezes sou velhaco para com Ele e muitas vezes Lhe sou traidor, ainda que muito me pese disso e muito mais me devesse pesar, que Deus me queira perdoar a mim e a todos queira salvar.
20. Escrevei-me a dizer tudo o que se passar convosco por aí. Mando-vos dentro desta uma carta que me enviaram para eu vos entregar. Não a quis abrir para vos ser leal. Não sei se é para vós, se para o Baptista da cadeia. Se for para o da cadeia, lede-a e mandai-ma para lhe ser entregue. Se o Baptista já tiver escrito a sua carta, irá com estas duas. Agora ficai com Deus e andai com Deus (Gn 17, 1; Imit L2 6, 3).
Nota: O original desta carta encontra-se no Arquivo da Ordem, na Cúria Geral. Ilha Tiberina - Roma.