"...brilhe a vossa luz diante dos homens,
de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu."
(Mt 5, 16)

São vários os cristão alentejanos,
ou com profunda relação ao Alentejo,

que se deixaram transformar pela Boa Nova de Jesus Cristo
e com as suas vidas iluminaram a vida da Igreja.
Deles queremos fazer memória.
Alguns a Igreja já reconheceu como Santos,
outros estão os processos em curso,

outros ainda não foram iniciados os processos e talvez nunca venham a ser…
Não querendo antecipar-nos nem sobrepor-nos ao juízo da Santa Mãe Igreja,
queremos fazer memória destas vidas luminosas.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

SANTA BEATRIZ DA SILVA
fundou uma Ordem Franciscana ou Cisterciense?
Beatriz da Silva de Meneses, fundadora da Ordem da Imaculada Conceição é a primeira Santa Canonizada genuinamente portuguesa, mas infelizmente muito pouco conhecida. Nasceu em Campo Maior, cidade da qual o seu pai foi Alcaide-mor, vai como aia da Infanta Isabel de Portugal para Tordesilhas, onde esta casaria com o Rei João II de Castela.
Passado algum tempo, segundo reza a História, gerando-se ciúmes na própria Rainha pela beleza de Beatriz, a Infanta Portuguesa encarcera a sua aia numa arca, esperando com isso matá-la de forma lenta e discreta. Mas saíram malogrados os planos de Isabel, e Beatriz ressurgiu com a mesma beleza que a caracterizava, e, para além disso, com desejos de se entregar à vida de oração, longe das controvérsias do mundo.
Parte então para Toledo, onde fica recolhida, ou seja, sem tomar votos mas dedicada a uma vida de intensa oração, no mosteiro de Santo Domingo o Real da Ordem de São Domingos durante cerca de 30 anos.
A Rainha Isabel a Católica conta-se entre as suas restritas amizades, e é a ela que Beatriz resolve, por volta de 1484, comentar o seu plano de fundar uma nova Ordem religiosa, contando desde logo com todo o apoio moral e material da Monarca. São cedidos a Beatriz os Paços de Galiana na mesma cidade, e o mosteiro é reconhecido pelo Papa Inocêncio VIII (de seu nome João Baptista Cibo, natural de Génova, Sumo-Pontífice desde 1484 até 1492) em 1489, pela Bula Inter Universa. Mas Beatriz não poderia ver a consolidação nem a fisionomia definitiva da sua Ordem, pois morre por volta de 1492, enquanto se preparava a tomada de hábito das primeiras irmãs. Deixou a sua obra incompleta, cabendo ao franciscano Francisco de los Angeles Quiñones o cargo de continuar os trabalhos, o que é levado a cabo entre os anos 1511 e 1514. Os restos mortais de Beatriz repousaram no mosteiro de Santa Fé de Toledo (antigos Paços de Galiana) até 1500, ano em que são levados para o mosteiro beneditino de San Pedro de Dueñas, Toledo, e, finalmente, em 1511 ou princípios de 1512 são transferidos definitivamente para a igreja da Santíssima Conceição.
No início da Ordem, pela Bula Inter Universa de Inocêncio VIII (o primeiro documento pontifício onde Beatriz da Silva é referida), o prescrito foi que a comunidade religiosa viveria sob a Regra de Cister, sujeita por isso ao Ordinário do Lugar (ou seja, o Bispo), e institui o Hábito de túnica e escapulário brancos com o manto azul celeste, com cordão cânhamo como o dos frades franciscanos, e é estabelecido que sobre o manto e o escapulário trouxessem cosida a imagem da Virgem Maria.
No entanto, as alterações começam pouco tempo após a morte da fundadora, pois a 19 de Agosto de 1494, o Papa Bórgia, Alexandre VI (nascido em Játiva, Espanha, de seu nome Rodrigo de Borja, Papa desde 1492 até 1503), publica a Bula Ex Supernae Providencia, que leva as Monjas da Conceição a seguirem a Regra de Santa Clara, a pedido de Isabel a Católica e das monjas de Santa Fé, apoiadas pelos seus actuais capelães, os padres Franciscanos do Convento de São Francisco. Do original manteriam apenas, segundo este documento pontifício, o Hábito e o Oficio Divino da Virgem. Mas os contributos deste Papa para a ordem não ficaram por aqui, pois logo a seguir publica outra Bula, Apostolicae Sedis, pela qual suspendia o mosteiro vizinho a Santa Fé, San Pedro de Dueñas, integrando as monjas beneditinas na Ordem da Conceição.
Entre as monjas ressalta o descontentamento, não se sentindo nem cistercienses nem clarissas. Era necessário conseguir algum documento jurídico próprio que regulamentasse e especificasse o seu Modus Vivendi.
O papado de Júlio II (nascido em Abissola, Itália, de seu nome Juliano Della Rovere, Papa de 1503 a 1513) de feliz memória entre outros aspectos pelo seu papel de grande mecenas das Artes, é fundamental para a consolidação da Ordem das Concepcionistas. Em 1506, a pedido do Arcebispo de Toledo, o Franciscano Francisco Jiménez de Cisneros, pela Bula Pastoralis Officii, o Papa autoriza a transladação das Monjas de Santa Fé para o convento de São Francisco de Toledo, dos Frades Menores, por se considerar mais apropriado para a vida comunitária pretendida. Mas o grande apoio de Júlio II para a Ordem chegaria cinco anos mais tarde. Deste modo, a 17 de Setembro de 1511 é concedida a Bula Ad Statum Prosperum, que confirma a nova Regra da Ordem da Conceição da Bem Aventurada Virgem Maria, dividida em 12 capítulos e fortemente influenciada pela Regra Franciscana, submetendo inclusivamente a Ordem aos Frades Menores. Mantém-lhes o Hábito e o Oficio das Horas litúrgicas próprios. As reacções dentro da Ordem foram das mais variadas, e durante séculos, até hoje, a ligação aos franciscanos teve os seus adeptos e detractores, quer constituídos em comunidades monásticas inteiras ou em algum dos seus membros ou estudiosos a nível particular.
As confusões sobre a verdadeira filiação das Concepcionistas mantêm-se nos dias de hoje. Não se hesitou muito, ao longo da história, em colocar as Concepcionistas como semelhantes às outras Ordens ou congregações relacionadas com os Franciscanos. A Relação é inegável, contudo não de todo tão expressiva como no caso das Clarissas.
Por isso, é fundamental uma leitura breve, embora se justificasse um estudo exaustivo, da Regra e do modo de viver próprio da Ordem da Imaculada Conceição. “Esta Regla de la Concepción sancionada por Julio II es la segunda regla monástica femenina - específicamente femenina - aprobada por la Santa Sede. La primera fue la de Santa clara de Asís, en 1253. (…) Ni cisterciense, ni franciscana. Solo, y de lleno, Concepcionista… Pero siempre ha estado ligada a los franciscanos”. (GARCÍA DE PESQUERA, Eusebio, La Orden de La concepción: su identidad y novedad en los umbrales de la Edad Moderna, "I Congreso Internacional del Monacato Femenino en España, Portugal y América 1492-1992", León, Universidad de León, 1993, Vol. II, p. 175.)
A inegável relação das Concepcionistas com os franciscanos desde sempre foi alvo de controvérsias e confusões, tanto com Clarissas como com Terciárias Claustrais. Ao não terem ramo masculino, foram confiadas à protecção dos Frades Menores, perdendo-se às vezes a visão clara do seu verdadeiro carisma. O importante, e agora damos voz a um Franciscano, é que: “A Ordem Concepcionista é distinta de qualquer outra na Igreja e bastaria para a sua identificação designá-la com esse nome (Ordem da Imaculada Conceição ou monjas Concepcionistas), sem acrescentos; se, como é tradição secular, se lhe quer acrescentar Franciscanas, que isto não seja em detrimento do conteúdo Imaculista frente ao componente franciscano. Em todo o caso, é evidente a afinidade espiritual, benéfica para ambas. Posto que Júlio II as desligou totalmente das Clarissas, dando-lhe a sua própria Regra, parece-me inadequado que no calendário franciscano venham assinaladas como Monjas da Segunda Ordem Franciscana ou Clarissas, pois não o são. (…) Os franciscanos temos uma formosa missão encomendada pela Igreja: ajudar as Concepcionistas a viver o seu próprio carisma (…) não pretendendo fazê-las mais franciscanas mas dechando-as que sejam mais Concepcionistas.” (GARCÍA SANTOS, José, OFM, La Regla de Santa Beatriz de Silva. Estudio Comparado, idem, p. 187).
Portanto, em modo de Conclusão, Beatriz da Silva NUNCA foi franciscana nem Cisterciense, apesar da sua Ordem ter sido influenciada pelas duas Ordens. Note-se que é a segunda mulher na história da Igreja que tem o seu nome vinculado a uma Regra própria e as alterações e "franciscanização" da sua Ordem são posteriores à sua morte. Com a posterior legislação da Igreja voltaram as Concepcionistas à obediência do Ordinário do Lugar (o Bispo, e não os Franciscanos) pelo que, em parte, se retomou o seu pedido original. (Manuel Sarmento Pizarro, in GeneAll.net – Português)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Vocação (2)
A vida religiosa é sublime! (...) Que felicidade maior pode haver do que virmos ao chamamento de Nosso Senhor e segui-Lo passo a passo!... (...) No mundo também se pode servir a Deus. (...) O que é certo é que as do mundo, não foram escolhidas e nós fomos escolhidas para suas esposas. (...) na vida religiosa (...) a união mais íntima com Deus; procurá-Lo a toda a hora no Sacrário, num acto de caridade, até mesmo nos nossos trabalhos!
Serva de Deus
madre Maria Isabel da Santíssima Trindade
(in "Lembrai-vos sempre - escritos, carisma, espiritualidade",
Editorial Franciscana, Braga, 1995, pg. 82)

sábado, 17 de abril de 2010

Vocação (1)
"... se o nosso Pai do Céu nos chama, nos convida a uma vida mais íntima, é porque muito nos quer. Consolemos e amemos cada vez mais esse Divino Coração. Dizer-Lhe que O amamos é fácil, sacrificar-nos e dar-Lhe tudo o que pudermos, é o nosso dever ... e assim corresponderemos".

Serva de Deus
madre Maria Isabel da Santíssima Trindade
(in "Lembrai-vos sempre - escritos, carisma, espiritualidade",
Editorial Franciscana, Braga, 1995, pg. 108)