"...brilhe a vossa luz diante dos homens,
de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu."
(Mt 5, 16)

São vários os cristão alentejanos,
ou com profunda relação ao Alentejo,

que se deixaram transformar pela Boa Nova de Jesus Cristo
e com as suas vidas iluminaram a vida da Igreja.
Deles queremos fazer memória.
Alguns a Igreja já reconheceu como Santos,
outros estão os processos em curso,

outros ainda não foram iniciados os processos e talvez nunca venham a ser…
Não querendo antecipar-nos nem sobrepor-nos ao juízo da Santa Mãe Igreja,
queremos fazer memória destas vidas luminosas.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019


Novo santo português foi uma das vozes de referência no Concílio de Trento (1543 – 1563)
Adotou o apelido «dos Mártires», em sinal de devoção à terra que o viu nascer e onde se tornou cristão pelo sacramento do Batismo. Bartolomeu Fernandes Vale nasceu em Lisboa, a 03 de maio de 1514, tendo sido batizado na Igreja dos Mártires, na capital portuguesa. A Igreja em Portugal tem, desde o dia 06 de julho deste ano, um novo santo: São Bartolomeu dos Mártires. Para comemorar esta entrada no álbum dos santos, as dioceses de Viana do Castelo e Braga realizam, este fim-de-semana, uma celebração de ação de graças pela canonização.
Recebeu o hábito dominicano a 01 de novembro de 1528, no convento de São Domingos em Lisboa. Concluiu os estudos institucionais de artes e teologia em 1938 e passou os vinte anos seguintes a ensinar nos conventos de Lisboa, Batalha e Évora. Vulto cimeiro do pensamento e da fé no século de ouro do humanismo, e a quem valores dos mais significativos das letras portuguesas consideravam «astralmente luminosa». Naquela época reinava em Portugal o rei D. Manuel e presidia à Igreja de Deus o Papa Leão X.
As descrições da pessoa e obra deste ilustre português, narradas no século XVII por frei Luís de Sousa, indicam-no como homem de estatura acima da média, com grande zelo apostólico, hábitos excessivamente frugais, rigorosos e disciplinados.
Dotado duma inteligência perspicaz e duma vontade generosa e forte, nunca deixou de ser uma pessoa humilde e simples. Por esta razão, nunca lhe passou pela mente a ideia de ocupar cargos a que estivessem, de alguma maneira, ligados quaisquer honrarias. O seu desejo era servir a Igreja como simples frade conventual. Nunca imaginou ter de trocar o seu hábito branco e preto de discípulo de São Domingos por vestes episcopais.
No entanto estava vago o Arcebispado de Braga, por falecimento de D. Baltasar Limpo.
Convidado pela rainha D. Catarina a aceitar o arcebispado de Braga, recusou porfiadamente tal cargo eclesiástico. Nada nem ninguém conseguia demovê-lo do seu desejo de servir a Igreja dentro dum convento.
Para aceitar… Foi necessário que o seu provincial, frei Luis de Granada, lhe impusesse a obediência para este cargo hierárquico. Então, vendo na vontade do seu superior a vontade de Deus, obedeceu fiel e generosamente.
Nomeado arcebispo de Braga pelo Papa Paulo IV, no consistório de 27 de janeiro de 1559, o mesmo Papa concedeu-lhe o pálio de arcebispo a 03 de junho do mesmo ano.
Há vidas que são verdadeiros poemas. A de São Bartolomeu do Mártires, com todos os pormenores das funções que exerceu ao longo da sua vida, é uma verdadeira epopeia de fé e de amor a Deus, manifestado no amor ao próximo, sobretudo aos mais carenciados.
Uma biografia repleta… de um homem santo nascido no século XVI.
A sua ação no Concílio de Trento foi de tal maneira empolgante que causou a admiração de todos os padres conciliares e do próprio Papa. Foram célebres as suas intervenções, e a elas se ficaram a dever muitos decretos da reforma conciliar. Um homem que não se ficava apenas pela teoria…
Pastor desprendido de todas as vaidades, honras e prazeres mundanos, tendo apenas em conta o bem do rebanho que lhe estava confiado, começou a viver num ambiente de extraordinária austeridade. Colocado à testa duma arquidiocese cujo território se estendia desde o Alto Minho até ao nordeste transmontano não se sentia em paz apenas nas paredes do paço arquiepiscopal.
Em todas as terras que visitava, sempre se deparava com uma constante: A ignorância religiosa do povo e dos seus pastores. Perante esta paisagem tão sombria de conhecimentos resolveu escrever alguns livros, que passados 500 anos ainda estão e são atuais. Obras literárias em linguagem simples e acessível que se revestem de uma permanente frescura e revelam sempre novidade. O «Estimulo dos Pastores» é uma dessas obras…
A 04 de novembro de 2001, frei Bartolomeu dos Mártires foi beatificado na Praça de São Pedro, no Vaticano. Um homem daquele, Carlos Borromeu, que a seu lado participou no Concílio de Trento e já inscrito entre os santos, considerou-o «modelo de bispo e espelho de virtudes cristãs». Fundou o seminário, o primeiro de toda a cristandade, para a formação dos presbíteros, uma novidade que o Papa São João Paulo II fez questão de mencionar na celebração da sua beatificação…
Em 2019 é canonizado, mas este processo tem algumas nuances…
Um bispo próximo do seu povo que calcorreou, repetidamente, toda a arquidiocese de Braga Um homem audacioso e com fervor apostólico que nunca deixou de ser dominicano. Na etapa final da sua vida, Bartolomeu dos Mártires retirou-se para o Convento de Santa Cruz, na cidade de Viana do Castelo. Naquele local, hoje Igreja de São Domingos, deu expansão à sua ardente caridade para com os pobres, que já o consideravam santo. Aquela Igreja guarda memórias e relíquias daquele homem que nunca se cansou de evangelizar.
São Bartolomeu dos Mártires já está inscrito no álbum dos santos… Foi um homem sapientíssimo a quem a aspereza das regiões minhotas e transmontanas, nem rigores alguns, frio ou calor ou outra qualquer intempérie, puderam deter-lhe o passo, para cumprir, todos os deveres de pastor. Será que algum dia será declarado doutor da Igreja?
(Fonte: https://agencia.ecclesia.pt/portal/bartolomeu-dos-martires-de-santo-do-povo-a-doutor-da-igreja/fbclid=IwAR1PfentRPivxqjBXm72XebIbLd1BdA2AaYLbK0d_IOd25OaE99gTQwAxOQ)