"...brilhe a vossa luz diante dos homens,
de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu."
(Mt 5, 16)

São vários os cristão alentejanos,
ou com profunda relação ao Alentejo,

que se deixaram transformar pela Boa Nova de Jesus Cristo
e com as suas vidas iluminaram a vida da Igreja.
Deles queremos fazer memória.
Alguns a Igreja já reconheceu como Santos,
outros estão os processos em curso,

outros ainda não foram iniciados os processos e talvez nunca venham a ser…
Não querendo antecipar-nos nem sobrepor-nos ao juízo da Santa Mãe Igreja,
queremos fazer memória destas vidas luminosas.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

VIDA DA NOSSA MÃE SANTA BEATRIZ
Este Texto foi encontrado junto aos restos mortais de nossa Santa Madre,
quando da primeira exumação para causa de beatificação,
foi escrito pela Madre Joana de São Miguel.

(Tradução de Frei Ary Pintareli, OFM)
Estes bem-aventurados ossos pertencem à ilustre e distinta senhora dona Beatriz da Silva, fundadora da Ordem da Santíssima Conceição de nossa Senhora, a Mãe de Deus.
Ela foi da estirpe real dos reis de Portugal, filha do senhor Rui Gomez da Silva e de Menezes, senhor de Campo Maior. Sua mãe foi dona Isabel de Menezes, filha do Conde de Biana (1), Dom Pedro de Menezes, primeiro capitão de Ceuta, na África. Sabe-se que essa senhora nasceu em Campo Maior. Teve como irmãos o Conde de Portalegre, preceptor do rei Dom Manuel, e Alfonso Beles, senhor de Campo Maior, e o bem-aventurado Frei Amadeu, da Ordem de nosso Pai São Francisco.
Esta ilustre senhora veio para Castela como dama da rainha dona Isabel, mulher do rei Dom João, que foi pai da rainha dona Isabel, que vive na glória.
Por sua grande beleza e por sua estirpe, esta senhora foi pedida em matrimónio por muitos condes e duques. Entre muitas lutas do mundo, ele ofereceu ao Senhor sua virgindade e castidade e fechou-se no Mosteiro régio de São Domingos. Aqui, por devoção, decidiu manter sempre seu rosto coberto com um véu branco, de forma que, enquanto viveu, nenhum homem e nenhuma mulher viu seu rosto, exceptuada aquela que lhe dava de comer.
Esta senhora foi muito devota da Santíssima Conceição e tanto fez que obteve do Santa Padre a regra, o hábito e o breviário da Santa Conceição. O Mosteiro já estava fundado e tudo já fora preparado para entregar o hábito a ela e às monjas que ela havia instruído, quando Nosso Senhor quis chamá-la. Morreu no ano de 1492.
Quando morreu, foram vistas duas coisas maravilhosas. Uma foi que, quando lhe levantaram o véu para [administrar-lhe a unção](2), foi tal o esplendor de seu rosto que todos ficaram admirados. A segunda, foi que em sua fronte viram uma estrela, que lá ficou até que ela expirou, e que emitia uma luz e um esplendor igual à luz quando mais brilha. Disso foram testemunhas seis religiosos da Ordem de nosso Pai São Francisco.
Ela faleceu no ano acima citado, no mês de Agosto, na vigília de São Lourenço. Foi sepultada no Mosteiro de Santa Fé, que então era o Mosteiro da Santa Conceição.
Mais tarde, por certas razões, estes bem-aventurados ossos foram transladados para o Mosteiro da Mãe de Deus. A senhora prioresa, que era sua sobrinha, guardou-os por doze anos e não quis cedê-los. Mas a senhora Abadessa dona Catarina Calderón e sua Vigária Joana de São Miguel dirigiram-se ao Santo Padre, que mandou entregá-los dentro de três dias. E assim, logo os entregou.
Os ossos foram transladados do Mosteiro de Mãe de Deus para este Mosteiro da Santa Conceição na tarde da festa dos Santos Simão e Judas, no ano de 1511.
Esta senhora faleceu com a idade de cinquenta e cinco anos. Era muito devota da Santíssima Paixão, da Santíssima Conceição e do glorioso São João Baptista. Dedicava-se muito à oração, aos jejuns, à disciplina e, especialmente, à caridade para com o próximo. Foi grande inimiga dos vícios e dos viciados.
Esta senhora era irmã de Santo Amadeu, da Ordem de nosso Pai São Francisco, que morreu na Alemanha. Foi canonizado dez anos após a morte desta senhora.
Vigária Joana de São Miguel
(1) Viana
(2) A escrita original está deteriorada e ilegível.

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