"...brilhe a vossa luz diante dos homens,
de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu."
(Mt 5, 16)

São vários os cristão alentejanos,
ou com profunda relação ao Alentejo,

que se deixaram transformar pela Boa Nova de Jesus Cristo
e com as suas vidas iluminaram a vida da Igreja.
Deles queremos fazer memória.
Alguns a Igreja já reconheceu como Santos,
outros estão os processos em curso,

outros ainda não foram iniciados os processos e talvez nunca venham a ser…
Não querendo antecipar-nos nem sobrepor-nos ao juízo da Santa Mãe Igreja,
queremos fazer memória destas vidas luminosas.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A imagem da Senhora
segundo São Lucas
que acompanhava os Mártires
Numa edícula do altar-mor da igreja de Santa Maria Maior, em Roma, existia um quadro com a imagem de Nossa Senhora, que a tradição dizia ter sido pintada por São Lucas. Nunca fora autorizada a reprodução. Mas, a pedido do P. Francisco de Borja, por especial condescendência, consentiu o Santo Padre Pio V que fosse feita uma cópia, desde que o pintor não retirasse o quadro do lugar onde se encontrava. O Padre Geral confiou a obra a um dos mais notáveis pintores de Roma, que dela tirou duas cópias, tão perfeitas, que quase se não distinguiam do original. O P. Borja guardou para si uma delas e mandou outras, pelo P. Azevedo, para ser entregue a Dª Catarina (Rainha de Portugal).
Providencialmente, não conseguiu tão depressa audiência da Soberana, afastada da capital e do neto, com quem não conseguia entender-se. Enquanto esperava autorização de Dª Catarina para a visitar em Alenquer, encarregou um dos Irmãos que o acompanharam, o pintor João de Maiorga, de fazer cópias da reprodução. De maneira que, quando, pelo Natal, esta foi enviada a Sua Majestade, já ele dispunha de quatro cópias: uma que reservou para si, e três para os Colégios de Coimbra, de Évora e de Santo Antão. Mandara, igualmente, gravar a imagem numa pequena lâmina de bronze, que nunca o abandonasse. Aquele apaixonado cavaleiro da Virgem, que tando desejara entregar-se ao Seu serviço, desde que vira a maravilhosa imagem sentiu que não lhe seria possível apartar-se dela e que a teria como companheira dos seus trabalhos. E bem que a Senhora o ajudou. (DE SOLEDADE, Maria, "Velas ao largo - uma página de epopeia", Editor Pe. A. Santiago, sj, Braga, 1970, pgs. 86 e 87)
Enquanto o capitão dirigia os preparativos bélicos, o P. Inácio reunia os noviços junto do mastro grande e, com a placa de metal onde mandara gravar a imagem da Senhora, segundo São Lucas, erguida numa das mãos, começou com o P. Andrade a entoar as ladainhas, a que os Irmãos respondiam. (...) Então o P. Azevedo ordenou-lhes que se recolhessem aos seus cubículos, a orar, o que todos fizeram, ficando apenas o Padre em oração junto do mastro grande, sem largar a imagem de Nossa Senhora. (Idem, pg. 152)
Entretanto o P. Inácio permanecia no seu posto, com a imagem na mão, afirmando a sua adesão à santa Igreja Católica (...).
Em voz cada vez mais apagada, num respirar cada vez mais lento e difícil, sem tirar os olhos da imagem que continuava a prender nas mãos, adormeceu no Senhor. (...) Acabada a batalha, começou a pilhagem. Os corsários espalharam-se pelo navio, a procurar despojos. Nessa busca foram dar à câmara onde jazia o cadáver do P. Inácio segurando sempre a placa de bronze com o retrato da Senhora, rodeado dos noviços em oração. (Ibidem, pg. 162)
Mortos e feridos eram arrastados e lançados ao mar, para desempachar o convés. O cúmulo da dor foi quando viram aparecer o cadáver do seu Pai tão querido. Vinha «inteiriçado, com os braços em cruz, estendidos». Por não poderem abandonar o trabalho, que não lho consentiam os adversários, não o viram cair na água. (...) O corpo do mártir, em vez de ir ao fundo, como seria natural, sobrenadou, sempre na mesma posição, com a imagem da Senhora bem apertada na mão de onde ninguém conseguira tirar-lha. (...) Nessa noite, porém, um português que escapara e que se encontrava junto da amurada, viu chegar o cadáver impelido pelas ondas e ainda com a imagem agarrada. Debruçando-se, conseguiu tirar-lha, sem ter de empregar esforço. Guardou-a cuidadosamente, até a poder entregar a quem de direito. Levou-a, de aí a algum tempo, à casa dos Jesuítas, no Funchal, de onde, segundo A. Franco, teria ido para o Brasil, constando que se encontrava no Colégio da Baía. (Ibidem, pg. 162 e 163)

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