6 Novembro
Nota Histórica
Nuno
Álvares Pereira, fundador da Casa de Bragança, nasceu em Santarém (Portugal) a
24 de Junho de 1360. Como Condestável do reino de Portugal, foi militar
invencível; mas, vencendo se a si mesmo, pediu a admissão, como irmão leigo, na
Ordem do Carmelo. Tinha uma admirável piedade e confiança para com a Santíssima
Virgem Maria. Sentia grande satisfação em pedir esmolas pelas portas,
desempenhar os ofícios mais humildes na casa de Deus, e mostrou sempre grande
compaixão e liberalidade para com os pobres. Morreu no domingo da Ressurreição
do ano 1431 (1 de Abril).
Da
Crónica dos Carmelitas da antiga e regular observância, nos Reinos de Portugal,
escrita pelo Cronista geral da Ordem.
(Tom I, cap. XV-XVIII: Lisboa 1745, pp. 422-425.
429-431. 438. 440-441. 454. 459).
Exemplo de vida cristã
Admirável
foi este santo varão pelas muitas e especiais virtudes que cultivou, não só
depois do divórcio que fez com o mundo, mas também antes de receber o hábito
religioso.
Na castidade foi sempre tão firme que jamais em prejuízo desta virtude se lhe conheceu o mais leve defeito.
Na castidade foi sempre tão firme que jamais em prejuízo desta virtude se lhe conheceu o mais leve defeito.
Forçado
da obediência se sujeitou ao casamento, que sem desagrado de seu pai, o não
chegaria a evitar. Mas aos vinte e seis anos ficou absoluto do matrimónio,
porque a inumana parca pôs termo à vida da sua esposa na flor de seus anos.
Entrou El Rei no empenho de lhe dar outra esposa não menos digna de seu
nascimento. Resistiu o invicto Condestável, encobrindo sempre o fundamento
principal, que era o de viver casto.
Na oração foi tão incessante que admirava aos mesmos que faziam por ser nela seus imitadores. Faltava com o descanso ao corpo para se aproveitar da maior parte da noite orando mental e vocalmente.
Na oração foi tão incessante que admirava aos mesmos que faziam por ser nela seus imitadores. Faltava com o descanso ao corpo para se aproveitar da maior parte da noite orando mental e vocalmente.
Depois
de ser religioso, estreitou mais o trato e familiaridade com o Senhor, porque
então vivia no retiro conveniente para poder sem estorvo empregar todas as
potências da alma no Divino Objecto que contemplava.
Na
presença da soberana imagem da Virgem Maria Senhora Nossa, com o título da
Assunção, derramava copiosas lágrimas; e com elas, melhor do que com as vozes,
Lhe expunha as suas súplicas nas ocasiões que para si ou para os seus
patrocinados Lhe pedia favores.
Exemplaríssima foi a humildade com que, fora e dentro da Religião, serviu a Deus em toda a vida. Como árvore frutífera cujos ramos mais se inclinam quando é maior o peso dos seus frutos, assim este virtuoso varão mais submisso se mostrava com os triunfos e com as virtudes. Nunca no seu espírito teve lugar a soberba: antes, quanto lhe foi possível, trabalhou por desterrá-la dos ânimos dos que lhe seguiam as ordens e o exemplo.
Aos sacerdotes fazia tão profunda veneração que passava a ser obediência. A um criado seu de muita distinção, que havia tomado o hábito da nossa Ordem, assim que o viu professo e feito sacerdote, começou a respeitá-lo em tal forma que a todos causava admiração.
Exemplaríssima foi a humildade com que, fora e dentro da Religião, serviu a Deus em toda a vida. Como árvore frutífera cujos ramos mais se inclinam quando é maior o peso dos seus frutos, assim este virtuoso varão mais submisso se mostrava com os triunfos e com as virtudes. Nunca no seu espírito teve lugar a soberba: antes, quanto lhe foi possível, trabalhou por desterrá-la dos ânimos dos que lhe seguiam as ordens e o exemplo.
Aos sacerdotes fazia tão profunda veneração que passava a ser obediência. A um criado seu de muita distinção, que havia tomado o hábito da nossa Ordem, assim que o viu professo e feito sacerdote, começou a respeitá-lo em tal forma que a todos causava admiração.
Com o hábito religioso adquiriu o irmão Nuno muitos hábitos de mortificação. O
sangue que lhe corria do corpo, quando com ásperos flagelos o lastimava, também
lhe diminuía os alentos: mas ainda desta fraqueza tirava forças para, com
pasmosa admiração dos Companheiros, continuar em semelhantes exercícios até ao
último prejuízo da vida, que em desempenho do ardentíssimo desejo que teve de a
sacrificar a Deus, sempre reconheceu como trabalho, e estimou a morte como
lucro.
Depois
de religioso, foi o servo de Deus mais admirável nos exercícios da caridade.
Não se contentava com distribuir as esmolas pelo seu pagador, como no século
fazia; mas pelas próprias mãos, na portaria deste convento, remediava a cada um
a sua necessidade.
Não
menos caritativo era para com o seu próximo nas ocasiões que se lhe ofereciam
de lhe acudir nas enfermidades. Assistia aos pobres nas doenças, não só com os
alimentos necessários, mas com os regalos administrados por suas próprias mãos.
Velava
noites inteiras por não faltar com a assistência aos que nas doenças perigavam.
Continuando o Venerável Nuno de Santa Maria as asperezas da vida, sem nunca afrouxar dos seus primeiros fervores, chegou ao ano de 1431 tão destituído de forças, que no corpo apenas conservava alguns alentos para poder mover-se.
Continuando o Venerável Nuno de Santa Maria as asperezas da vida, sem nunca afrouxar dos seus primeiros fervores, chegou ao ano de 1431 tão destituído de forças, que no corpo apenas conservava alguns alentos para poder mover-se.
Entrando
enfim na última agonia, rogou que, para consolação do seu espírito, lhe lessem
a Paixão de Cristo escrita pelo evangelista São João; logo que chegou à
cláusula do Evangelho onde o mesmo Cristo, falando com sua Mãe Santíssima a
respeito do amado discípulo, lhe diz: Eis o vosso filho, deu ele o último
suspiro e entregou sua ditosa alma ao mesmo Senhor que a criara.
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