Novo santo português foi uma das vozes de
referência no Concílio de Trento (1543 – 1563)
Adotou o apelido «dos Mártires», em sinal
de devoção à terra que o viu nascer e onde se tornou cristão pelo sacramento do
Batismo. Bartolomeu Fernandes Vale nasceu em Lisboa, a 03 de maio de 1514,
tendo sido batizado na Igreja dos Mártires, na capital portuguesa. A Igreja em
Portugal tem, desde o dia 06 de julho deste ano, um novo santo: São Bartolomeu
dos Mártires. Para comemorar esta entrada no álbum dos santos, as dioceses de
Viana do Castelo e Braga realizam, este fim-de-semana, uma celebração de ação de
graças pela canonização.
Recebeu o hábito dominicano a 01 de
novembro de 1528, no convento de São Domingos em Lisboa. Concluiu os estudos
institucionais de artes e teologia em 1938 e passou os vinte anos seguintes a
ensinar nos conventos de Lisboa, Batalha e Évora. Vulto cimeiro do pensamento e
da fé no século de ouro do humanismo, e a quem valores dos mais significativos
das letras portuguesas consideravam «astralmente luminosa». Naquela época
reinava em Portugal o rei D. Manuel e presidia à Igreja de Deus o Papa Leão X.
As descrições da pessoa e obra deste
ilustre português, narradas no século XVII por frei Luís de Sousa, indicam-no
como homem de estatura acima da média, com grande zelo apostólico, hábitos
excessivamente frugais, rigorosos e disciplinados.
Dotado duma inteligência perspicaz e duma
vontade generosa e forte, nunca deixou de ser uma pessoa humilde e simples. Por
esta razão, nunca lhe passou pela mente a ideia de ocupar cargos a que
estivessem, de alguma maneira, ligados quaisquer honrarias. O seu desejo era
servir a Igreja como simples frade conventual. Nunca imaginou ter de trocar o
seu hábito branco e preto de discípulo de São Domingos por vestes episcopais.
No entanto estava vago o Arcebispado de
Braga, por falecimento de D. Baltasar Limpo.
Convidado pela rainha D. Catarina a aceitar
o arcebispado de Braga, recusou porfiadamente tal cargo eclesiástico. Nada nem
ninguém conseguia demovê-lo do seu desejo de servir a Igreja dentro dum
convento.
Para aceitar… Foi necessário que o seu
provincial, frei Luis de Granada, lhe impusesse a obediência para este cargo
hierárquico. Então, vendo na vontade do seu superior a vontade de Deus,
obedeceu fiel e generosamente.
Nomeado arcebispo de Braga pelo Papa Paulo
IV, no consistório de 27 de janeiro de 1559, o mesmo Papa concedeu-lhe o pálio
de arcebispo a 03 de junho do mesmo ano.
Há vidas que são verdadeiros poemas. A de
São Bartolomeu do Mártires, com todos os pormenores das funções que exerceu ao
longo da sua vida, é uma verdadeira epopeia de fé e de amor a Deus, manifestado
no amor ao próximo, sobretudo aos mais carenciados.
Uma biografia repleta… de um homem santo
nascido no século XVI.
A sua ação no Concílio de Trento foi de tal
maneira empolgante que causou a admiração de todos os padres conciliares e do
próprio Papa. Foram célebres as suas intervenções, e a elas se ficaram a dever
muitos decretos da reforma conciliar. Um homem que não se ficava apenas pela
teoria…
Pastor desprendido de todas as vaidades,
honras e prazeres mundanos, tendo apenas em conta o bem do rebanho que lhe
estava confiado, começou a viver num ambiente de extraordinária austeridade.
Colocado à testa duma arquidiocese cujo território se estendia desde o Alto Minho
até ao nordeste transmontano não se sentia em paz apenas nas paredes do paço
arquiepiscopal.
Em todas as terras que visitava, sempre se
deparava com uma constante: A ignorância religiosa do povo e dos seus pastores.
Perante esta paisagem tão sombria de conhecimentos resolveu escrever alguns
livros, que passados 500 anos ainda estão e são atuais. Obras literárias em
linguagem simples e acessível que se revestem de uma permanente frescura e
revelam sempre novidade. O «Estimulo dos Pastores» é uma dessas obras…
A 04 de novembro de 2001, frei Bartolomeu
dos Mártires foi beatificado na Praça de São Pedro, no Vaticano. Um homem
daquele, Carlos Borromeu, que a seu lado participou no Concílio de Trento e já
inscrito entre os santos, considerou-o «modelo de bispo e espelho de virtudes
cristãs». Fundou o seminário, o primeiro de toda a cristandade, para a formação
dos presbíteros, uma novidade que o Papa São João Paulo II fez questão de
mencionar na celebração da sua beatificação…
Em 2019 é canonizado, mas este processo tem
algumas nuances…
Um bispo próximo do seu povo que
calcorreou, repetidamente, toda a arquidiocese de Braga Um homem audacioso e
com fervor apostólico que nunca deixou de ser dominicano. Na etapa final da sua
vida, Bartolomeu dos Mártires retirou-se para o Convento de Santa Cruz, na
cidade de Viana do Castelo. Naquele local, hoje Igreja de São Domingos, deu
expansão à sua ardente caridade para com os pobres, que já o consideravam
santo. Aquela Igreja guarda memórias e relíquias daquele homem que nunca se
cansou de evangelizar.
São Bartolomeu dos Mártires já está
inscrito no álbum dos santos… Foi um homem sapientíssimo a quem a aspereza das
regiões minhotas e transmontanas, nem rigores alguns, frio ou calor ou outra
qualquer intempérie, puderam deter-lhe o passo, para cumprir, todos os deveres
de pastor. Será que algum dia será declarado doutor da Igreja?
(Fonte: https://agencia.ecclesia.pt/portal/bartolomeu-dos-martires-de-santo-do-povo-a-doutor-da-igreja/fbclid=IwAR1PfentRPivxqjBXm72XebIbLd1BdA2AaYLbK0d_IOd25OaE99gTQwAxOQ)